Elsa Tavares foi a principal homenageada da sessão solene comemorativa do cinquentenário da elevação de Espinho a cidade. A ex-presidente de Câmara, recebeu a Medalha de Honra da Cidade e o Título de Cidadã de Espinho. Numa cerimónia realizada na praça Dr. José Salvador, foram homenageadas mais 50 personalidades, entre as quais ex-autarcas, empresários, políticos e figuras do povo. Um momento protagonizado pela Escola Profissional de Música de Espinho marcou o início da sessão solene.

Na sua intervenção pública no âmbito das comemorações dos 50 anos da elevação a cidade, a presidente da Câmara Municipal de Espinho, Maria Manuel Cruz fez questão de salientar o contributo que muitos espinhenses deram ao longo dos anos naquele que classificou como “um dia especial para Espinho, para os espinhenses e para a história de toda a nossa comunidade”.

Maria Manuel Cruz evocou “um percurso coletivo e partilhado de crescimento” como sendo “elemento de qualidade de vida do nosso território”, num “trajeto de 50 anos recheado de transformações e sucessos conquistados com o esforço, o contributo e a determinação de todos os que dotaram parte de si ao serviço de Espinho e dos espinhenses”.

Sobre a principal homenageada, a autarca qualificou o percurso de Elsa Tavares [Medalha de Honra da Cidade e Título de Cidadã de Espinho], “cujo percurso de vida e de dedicação à comunidade” merecem “um enorme respeito e sentimento de gratidão com o mérito excecional de ter servido como modelo e fonte de inspiração para a afirmação, valorização e respeito pelo papel da mulher na nossa sociedade”.

Maria Manuel Cruz destacou, também, as personalidades homenageadas, que em seu entender “não são apenas exemplo de mérito e excelência e sucesso. São, também, fonte de inspiração e orgulho para todas as gerações de espinhenses que neles revêm a força, a coragem e a determinação que corre nas veias das gentes de Espinho”.

Na sua intervenção a autarca espinhense não deixou passar ao lado as circunstâncias que a levaram até à presidência da Câmara. “Não escondo, nem ignoro que as circunstâncias que levaram que assumisse o papel de presidente da Câmara Municipal são extraordinárias e complexas. Circunstâncias que, no devido tempo e no devido lugar a justiça tratará de esclarecer e julgar de forma livre e isenta, esperando que a verdade, qualquer que ela seja, prevaleça sobre tudo o resto, respeitando os princípios fundamentais do nosso sistema democrático. Um sistema democrático que deu provas de estabilidade e maturidade, respeitando a legitimidade de uma equipa e de um projeto de governação autárquica que foi sufragada pelos cidadãos e escolhida pela vontade expressa de uma maioria inequívoca que deve ser respeitada”, explicou a autarca.

Maria Manuel Cruz afirmou ser sua preocupação “garantir e blindar a integridade da instituição, repondo o bom-nome da autarquia e estabelecendo a confiança na Câmara Municipal. A credibilidade e a confiança não se recuperam apenas com palavras ou intenções, mas sim com ações concretas, com uma postura de integridade e uma gestão rigorosa, transparente e dialogante”, referiu a presidente da Câmara acrescentando que “há um trabalho duro de limpeza, clarificação e regularização que é preciso ser feito”, mostrando-se disponível para o fazer, “independentemente de ser popular ou não”. “Não tenho receio em tomar decisões ou assumir posições por muito impopulares que possam ser, sejam aquelas que salvaguardam os interesses da autarquia e do erário público. É isso que faremos e é com isso que os cidadãos podem contar”, garantiu.

A presidente da Câmara referiu-se, ainda às investigações à autarquia, garantindo que pretende “levar até às últimas consequências”, tendo solicitado “uma revisão interna de todos os processos que foram licenciados”. Neste sentido, está a ser elaborado “um código de conduta robusto”, salientou.

Na sequência da Operação Vórtex e que levou à queda e prisão do anterior presidente da Câmara, Maria Manuel Cruz deu números sobre os embargos em obras particulares realizados, que, segundo ela “superaram os embargos realizados durante o ano de 2022”.

“A Operação Vórtex veio aumentar a carga de trabalho sobre os serviços de urbanismo, seja pelos esforços de cooperação e colaboração com as autoridades de investigação, seja pelo aumento brutal de denúncias e reportes de situações de potencial incumprimento. Só nos meses de abril e maio, deram entrada perto de 700 requerimentos e processos, foram emitidos mais de 1000 despachos e realizadas mais de 180 ações de fiscalização no local”, avançou a autarca.

Maria Manuel Cruz garantiu que “o trabalho que tem de ser feito está em curso” e que visa “reforçar os mecanismos de controlo, rigor e transparência, colaborar com as autoridades no apuramento da verdade e de responsabilidades, aumentar a fiscalização e controlo de processos e reforçar o quadro técnico da autarquia e a capacidade de resposta dos serviços”.

Das obras e dos investimentos à Saúde e ao Ambiente

Na sua intervenção a presidente da Câmara deu nota de alguns processos que estão em curso no Município de Espinho no que respeita a investimentos.

A autarca começou por falar no Complexo Habitacional da Ponte de Anta de na requalificação do Bloco F. “Englobamos a atualização do acordo de financiamento celebrado ao abrigo do 1.º Direito, programa de apoio ao acesso à habitação elaborado pela autarquia, considerando o agravamento das dificuldades habitacionais em Espinho”, disse Maria Manuel Cruz anunciando que com a aprovação desta alteração, “o Município de Espinho reforça a candidatura aos fundos disponíveis, passando de uma candidatura que se limitava a 132 fogos e a um investimento de 5,6 milhões de euros, para 819 fogos com um investimento de 115 milhões de euros”.

No âmbito da Saúde, a autarca mostrou-se convicta de que “no final deste mandato os espinhenses terão orgulho na rede pública existente no nosso concelho. Vamos avançar com o novo centro de saúde de Anta, temos verbas aprovadas para intervir nos centros de saúde de Espinho e de Silvalde e a empreitada para adaptar a Escola da Marinha para a nova unidade de saúde familiar está em vias de ser contratualizada”, adiantou, acrescentando que “a Unidade de Saúde Local de Gaia/Espinho trará reforço de serviços, valências e equipamentos disponíveis no Hospital de Espinho”.

Na área do Ambiente, a presidente da Câmara referiu que no início de maio a autarquia contratou “a Universidade Técnica de Lisboa e o Professor Sidónio Pardal, para um estudo de recuperação e revitalização das ribeiras do concelho de Espinho”. A intenção, de acordo com Maria Manuel Cruz “passa, não só, pela despoluição e reabilitação das ribeiras, mas também pela valorização das suas envolventes e pela criação de corredores verdes procurando criar um circuito devidamente interligado que permita percorrer todo o concelho”.

A autarca espinhense acrescentou que no domínio da preservação dos recursos hídricos irá “protocolar com a POLIS Aveiro a transferência da gestão da Barrinha de Esmoriz/Lagoa de Paramos para os municípios de Ovar e de Espinho, o que nos permitirá ter uma ação mais relevante e incisiva naquele local”.

No domínio das obras e do património a autarca disse estar a “ultimar o caderno de encargos para lançar um procedimento de requalificação da cobertura da Nave Polivalente” e a “trabalhar na relocalização dos serviços instalados nos armazéns municipais”.

“Nos próximos meses queremos avançar com a repavimentação da Estrada Nacional 109 no concelho de Espinho. Já estamos em diálogo com as Infraestruturas de Portugal para que esse investimento se possa concretizar o mais rapidamente possível, resolvendo, também, em simultâneo, os problemas de acumulação de águas pluviais na zona da Ponte de Anta”, avançou a autarca.

“Estamos decididos em fazer um investimento significativo no nosso espaço público, não só na rodovia, mas também nos nossos jardins e espaços verdes, nos passeios e passadeiras, na sinalética e no mobiliário urbano”, concluiu a autarca.