O bar 37 na Praia começou por funcionar apenas no verão, mas agora tem portas abertas durante todo o ano (Fotografia: Isabel Faustino)

Com a chegada do calor e a vontade de um mergulho, inicia-se também a afluência aos bares junto às praias da cidade. Os concessionários estão animados para o resto da época balnear, mas gostavam de ver uma preparação com mais antecedência por parte da Câmara Municipal.

Sol, calor, praia e descontração são os principais ingredientes para os meses que se aproximam. Em Espinho, à semelhança de outras zonas do país, a época balnear iniciou com temperaturas convidativas a um mergulho e a uma bebida refrescante nos bares de praia.

Na cidade, a oferta é variada. No Doo Bop, que tem portas abertas há 22 anos, trabalha-se com intensidade, preparando tudo para receber os clientes nos meses de verão. Junho, julho e agosto são os mais fortes, mas desengane-se quem pensa que fica por aí.

Celestino Carvalho, um dos sócios do bar que se tornou numa referência do areal e da cidade, não esconde que “há invernos penosos”, mas é possível ter as portas abertas durante todo o ano. Por essa razão, em 2009, o espaço alterou a sua estrutura e o horário de funcionamento. “Entre 2001 e 2008 tínhamos um bar amovível que abria na altura do verão, mais concretamente entre abril e outubro. Era um estabelecimento muito grande que implicava a sua montagem e desmontagem e era muito penoso”, recorda Celestino.

Com a permissão para a edificação de uma estrutura fixa, os concessionários do Doo Bop não hesitaram. “Como estamos mais longe da linha de água foi-nos permitido a implantação definitiva para trabalhar o ano todo, o que não foi permitido em todas as concessões precisamente pela proximidade da água e devido à existência das marés vivas”, explica, recordando que a principal razão foi motivada “pelo conforto de não ter que montar e desmontar todos os anos”. Apesar de ter sido “um investimento muito grande”, acabou por “compensar nos problemas das montagens e desmontagens”, afirma.

No entanto, mesmo com o cumprimento de todas as regras na edificação da estrutura e com o afastamento do mar, Celestino Carvalho revela que o bar já foi atingido pelas conhecidas marés vivas. “É um bocadinho difícil lidar quando há essas marés, já tivemos algumas altíssimas em que o mar chegava cá e isso prejudica a estrutura. Embora ele esteja assente em pilares, isso acabou por acontecer, mas a elevação que temos, que foi obrigatória na época e ainda bem, foi o que nos valeu”, admite.

Com o espaço aberto durante todo o ano, Celestino teve a oportunidade de conhecer os diferentes clientes que procuram o Doo Bop, percebendo que um grande entrave é o próprio estacionamento. “De abril a setembro trabalha-se bem, depois disso é mais pacífico. Já é outro tipo de cliente que vem com as crianças ou até estrangeiros com mais idade que não procura as praias como as que temos em agosto. Essas pessoas, por norma, procuram mais o sossego”, explica o concessionário, confessando que a partir de outubro o negócio funciona de forma mais complicada.  

Aliado à diminuição de clientes, está o grande problema do estacionamento em Espinho. Segundo Celestino Carvalho, “os americanos dizem ‘no parking no business’ e isso é verdade, pois dificulta a vinda das pessoas de carro e é complicado, sobretudo no inverno”.

Conhecido por ser um local que privilegiava a animação noturna, o Doo Bop conheceu uma reviravolta com a chegada da pandemia, obrigando a uma nova fase de adaptação e até trazendo um novo conceito. “Durante muitos anos fomos um bar com uma dinâmica de animação muito intensa, com muita música ao vivo até 2019. A pandemia quebrou esse conceito de noite que nós tínhamos, também porque as pessoas desabituaram-se um pouco. Esse ano foi complicadíssimo, estivemos três meses fechados, mas também fomos percebendo que queríamos abrandar no que diz respeito à noite”, explica.

Reportagem disponível, na íntegra, na edição de 29 de junho de 2023. Assine o jornal que lhe mostra Espinho por dentro por apenas 32,5€