Tudo o que se sabe é por conversas de café e por discussões nas redes sociais. A população lamenta não haver informações por parte da autarquia durante o processo de consulta pública do projeto da Linha de Alta Velocidade (LAV) e estão preocupados com o futuro dos seus negócios e habitações.
Os possíveis traçados da LAV estão a causar apreensão junto dos espinhenses que desconhecem, efetivamente, os projetos. Apesar da Defesa de Espinho ter efetuado um levantamento exaustivo das possíveis rotas na edição passada, continua a não existir informação relevante e esclarecedora por parte da autarquia. E é essa falta de esclarecimentos que leva ao descontentamento e críticas da população sobre o tema.
Estivemos em Silvalde, na rota de um dos possíveis traçados (o mais provável) que poderá atingir algumas habitações na rua de Gulhe nomeadamente junto ao tanque e à sede dos Estrelas Vermelhas que deverá mesmo ser demolida.
“Já moro nesta casa, que é dos meus pais, há mais de 40 anos”, conta Maria do Carmo, moradora na rua de Gulhe, lamentando que a habitação possa vir a ser demolida se a solução mais a nascente vier a ser aprovada. “É uma situação terrível para os meus pais que construíram este imóvel com grande esforço”, salienta.
A silvaldense lamenta não ter tido qualquer informação por parte dos autarcas até ao momento. “Tudo o que sabemos é através de um mapa que circula nas redes sociais”, dá nota a moradora que verificou que se o traçado for aprovado, a sua casa irá abaixo. “Esta notícia caiu como uma bomba”, garante.
Maria do Carmo reside junto à sua tia, Maria José, que tem uma casa geminada com a sua e que também deverá ser atingida. “Estive a trabalhar em França para conseguir construir a minha casa e o facto de poder passar aqui a linha é, para mim, um desânimo”, afirma Maria José com lágrimas nos olhos.
“Ainda ninguém falou comigo nem explicou o que poderá acontecer”, critica a idosa que apenas tem conhecimento do que poderá vir a acontecer através “daquilo que se
fala” e o que se lê nos jornais.
Arsénio Rocha também mora na rua de Gulhe, há mais de 40 anos e ouviu falar do trajeto em conversas de café. “Não sei bem por onde passam os possíveis trajetos, mas fala-se que cortará a sede dos Estrelas Vermelhas e um pouco do meu terreno”, diz o morador.
“Ouvi falar isto no café e um senhor que lá estava até mostrou no mapa por onde passava a linha, mas ninguém falou comigo nem houve esclarecimentos”, lamenta.
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