A renúncia de Carvalhinho: PSD desconfia que haja divergências com o Executivo

Paulo Leite diz que a situação provocada pela renúncia de José Carvalhinho "deixa o PSD muito preocupado" (foto: Francisco Azevedo/Arquivo)

A reação dos partidos à renúncia ao mandato do presidente da Assembleia Municipal (AM) de Espinho, José Carvalhinho é diferente. O Partido Social Democrata (PSD) aponta as baterias para os socialistas. O líder do maior partido da oposição desconfia que haja divergências entre o ex-presidente da AM e o Executivo. Bloco de Esquerda, pelo vogal Bruno Morais, mostrou-se surpreendido.

“A situação deixa o PSD de Espinho muito preocupado. Desde a altura em que aconteceu a tragédia a Espinho que temos vindo a chamar a atenção para a necessidade de haver uma Câmara governável e de ser constituída por uma equipa ser estável”, diz o líder da bancada social-democrata na AM, Paulo Leite.

“Temos vindo a observar que a relação entre a Assembleia Municipal e a Câmara Municipal não é a melhor”, prossegue o elemento da maioria da oposição, acrescentando que “há muitas questões e questiúnculas entre a Câmara e a Assembleia. O último exemplo foi o da cedência das instalações da antiga Escola Espinho 3 à Academia de Música”, refere Paulo Leite que entende que José Carvalhinho “estava a procurar encontrar plataformas de entendimento e que não estaria a conseguir”.

Paulo Leite reconhece que, embora o presidente da Assembleia Municipal declare que a sua renúncia é motivada por questões pessoais, “todas as questões com o Executivo seriam ultrapassáveis se houvesse vontade da Câmara em coordenar os trabalhos com o presidente da Assembleia”.

Sobre José Carvalhinho, o líder do maior partido da oposição diz ter pena que tenha tomado aquela decisão porque considera que “foi capaz de ser um bom presidente da Assembleia Municipal, de ser democrata e de gerar equilíbrios”, receando que daqui em diante o referido equilíbrio “não venha a acontecer ou que seja mais difícil de alcançar”.

Para Paulo leite, “esta decisão é a prova daquilo que temos vindo a dizer”, nomeadamente que “o Partido Socialista não está preparado para liderar os destinos deste concelho”. “As incongruências são muitas, os desentendimentos que chegam a público também são muitos. Por isso, de certa forma o concelho está sem rei nem roque e está a ser governado por uma prática política que não é a melhor”, justifica o líder do PSD de Espinho.

Paulo Leite reitera o que tem vindo a dizer desde janeiro último, ou seja, que “o Partido Socialista deveria ter feito uma reflexão adequada, ainda mais nesta altura, porque parece que está tudo a cair aos pedaços. Tudo isto, em desfavor de Espinho, o que gera muita preocupação”, conclui.

A surpresa na esquerda

O Bloco de Esquerda (BE) mostrou-se surpreendido com a renúncia de José Carvalhinho ao mandato como presidente da Assembleia Municipal. O vogal do BE, Bruno Morais, à Defesa de Espinho diz que “a saída do presidente da Assembleia Municipal de Espinho, José Carvalhinho, não era expectável”, uma vez que “enquanto presidente e vogal do PS demonstrou ser um cidadão com um elevado sentido democrático e respeitador da diversidade política que compõe a AM”.

Para Bruno Morais, “o PS perde um vogal muito interventivo, perspicaz e conhecedor dos problemas do concelho”.

Por fim, o vogal do BE faz questão de desejar a José Carvalhinho “sucesso pessoal e profissional”.

A Defesa de Espinho, apesar da insistência, não conseguiu obter uma reação dos vogais do Partido Socialista à renúncia de José Carvalhinho.