Das nove casas a demolir pela LAV, quatro, em Guetim, poderão ser poupadas. Traçado mais a nascente reúne todas as condições para vir a ser aprovado.
São nove as casas que poderão vir a ser afetadas pela Linha de Alta Velocidade (LAV) no concelho de Espinho. O vice-presidente da Infraestruturas de Portugal (IP), Carlos Fernandes, numa sessão de esclarecimento que decorreu esta manhã [12 de julho] na Biblioteca José Marmelo e Silva, assegurou que o traçado correspondente à Variante Gaia, aquele que se situa mais a nascente do concelho, deverá ser o escolhido, num processo que ainda terá nova consulta pública na altura em que for elaborado o projeto de execução.
De acordo com os esclarecimentos prestados por Cândida Castro, da Direção de Engenharia e Ambiente da IP, quatro das habitações na freguesia de Guetim, junto ao campo de futebol, ainda poderão escapar à demolição, com uma melhoria ao projeto naquela zona que é abrangida por um túnel. No entanto, cinco estruturas, duas das quais habitações, nas freguesias de Anta e Guetim, serão inevitavelmente afetadas.
O vice-presidente da IP assegurou que a freguesia de Silvalde será atravessada por um túnel e que a construção da linha não tem grande impacto junto de áreas populacionais e que junto ao complexo desportivo de Cassufas, a via será, também, em túnel o que não coloca em causa a existência das estruturas desportivas existentes.
Carlos Fernandes informou que o traçado mais provável de ser sujeito a projeto de execução contempla uma área envolvente de cerca de 400 metros, reservada a pareceres por parte da IP. Acrescentou que a plataforma onde é instalada a via-férrea mede 14 metros, acrescidos de taludes com não menos do que 15 metros e de uma margem de segurança de cerca de 25 metros onde não deverá ser permitida construção. A ferrovia, segundo Carlos Fernandes, será construída em bitola ibérica, argumentando que essa é a solução que permite a interoperacionalidade – ou seja, a operação em simultâneo – entre as linhas convencionais e a alta velocidade.
Sobre a LAV, o responsável pela IP referiu-se à ligação entre Lisboa e Porto e a ligação com Vigo, cujos governos português e espanhol se encontram em conversações.
Por sua vez, Cândida Castro esclareceu que a circulação de comboios na LAV não provoca os barulhos que são conhecidos na linha do Norte. “O ruído é do contacto da roda com o carril e não da máquina. O material circulante é do mais moderno e o comboio é utilizado, apenas, para transporte de passageiros. O ruído que se ouve é apenas um assobio provocado pela deslocação do ar. O ruído que se ouve das autoestradas é muito superior”, afirmou a técnica da IP.
Cândida Castro referiu ainda que, apesar da existência de viadutos, os respetivos proprietários não ficarão sem os terrenos. Apenas não poderá ser feita qualquer construção por debaixo das estruturas da LAV.
Face a questões levantadas pela população presente, o vice-presidente da IP garantiu que “será feita uma avaliação detalhada das expropriações” e que as respetivas avaliações “serão externas à empresa, através de peritos nomeados pelo tribunal e que irão atribuir um valor aos imóveis”.
Carlos Fernandes disse, ainda, que os respetivos proprietários “poderão aceitar, ou não, os valores propostos”, podendo, inclusive, “discuti-los em tribunal”. Porém, segundo o responsável da IP, “o valor será cativo numa conta bancária por ordem do tribunal e a obra avançará, independentemente da decisão”. O convidado assegurou que “todas as casas que tiverem de ser demolidas serão indemnizadas, não obstante de serem legais ou ilegais” e garantiu, também, que “será realizado um estudo de impacte socioeconómico”.
Os responsáveis da IP anunciaram que dentro de poucas semanas deverão ser conhecidos os resultados do estudo de impacte ambiental e, consequentemente, qual o corredor que será escolhido, tudo apontando para a opção a nascente. A opção mais a poente afetaria 42 habitações pelo que o vice-presidente da IP considera como uma solução inviável face à Variante de Gaia.
Note-se que a sala da Biblioteca Municipal José Marmelo e Silva foi muito pequena para acolher os cidadãos interessados em saber quais as consequências do traçado da LAV para o concelho e as implicações que isso poderia ter nas suas vidas.
As perguntas dos cidadãos incidiram, especialmente sobre alguns dos seus casos em particular e sobre as soluções para as respetivas expropriações.