Foto: Sara Ferreira

Depois da passagem fugaz de Nathan Rooney por Espinho, João Ferreira torna a casa para comandar o emblema vareiro. O “bom filho” não quer que o seu regresso seja o único a acontecer em 2023/2024, uma vez que quer colocar o clube de volta ao Campeonato de Portugal.

Saiu no início de 2021. Como vê o clube agora comparando com a altura em que saiu?

As competições são diferentes. Na altura havia Campeonato de Portugal, que ainda era o terceiro patamar do futebol português e também a Taça de Portugal. Hoje estamos numa competição distrital, que representa o quinto patamar do futebol português e não há Taça. Do ponto de vista desportivo e de projeção do clube há diferenças claras.

Na organização, a maioria das pessoas mantém-se, há algumas diferenças na estrutura, mas são poucas. No que diz respeito a condições de trabalho, diria que, no ano passado, o clube teve condições mais estáveis de treino. Esta época, ainda estamos à procura de uma solução definitiva a nível de campo de treinos. Em princípio, iremos encontrar uma alternativa dentro do concelho de Espinho. Se isso se confirmar voltamos a ter condições idênticas às que tivemos na época passada.

Atendendo à condição do clube, de não ter casa própria, diria que, se conseguíssemos a solução que referi, ficamos com condições suficientes para podermos trabalhar com tranquilidade.

A propósito da situação do estádio, que é algo que não mudou desde 2021, tem algum comentário a fazer?

É o que é, quando estive cá já não havia campo próprio e continua a não haver. Não sinto grande alteração, até jogamos mais perto desta vez do que jogávamos na minha anterior passagem. Já tive oportunidade de conhecer o campo e é agradável, o relvado é sintético, mas é bom. A esse nível estou satisfeito e acho que temos condições para que possamos fazer a diferença no nosso espaço contra os adversários.

De 2021 até agora, como é que se manteve ligado ao futebol?
Desde o momento da minha saída, sempre tive o objetivo de regressar ao futebol como treinador. Fui sempre acompanhando as épocas dos clubes que faziam parte da 2ª Liga, Liga 3, Campeonato de Portugal, Campeonato Distrital do Porto e Aveiro. Sempre estive por dentro das realidades. Ao mesmo tempo, obviamente que leio, converso com colegas treinadores e também já dei formação em cursos de treinadores. Tenho trabalhado como comentador de jogos de futebol na Rádio Renascença, apesar de ter de deixar de desempenhar essa função com tanta frequência, a partir de agora.

Teve propostas para voltar a treinar?

Desde que saí do SC Espinho tive algumas propostas, somente para treinar em campeonatos distritais.

Sente que é um treinador diferente?
Sou um treinador diferente porque cada treinador é aquilo é também enquanto ser humano. Desde a minha saída até agora tive vários episódios em que pude voltar e acabei por não o fazer. Fui me apercebendo sobre algumas coisas, fui pensando sobre o meu trajeto, a minha postura no treino e jogo, forma de estar com as diferentes direções e fui refletindo sobre tudo isso. Tudo isto leva a uma transformação. Portanto, sou uma pessoa diferente e isso faz de mim um treinador com diferenças em relação a 2021.

Porque é que aceitou o convite numa fase tão estranha?

Por acaso, já tinha partilhado com pessoas mais próximas que gostava de treinar o SC Espinho novamente. Sinceramente, nunca pensei que acontecesse agora. Não esperava que acontecesse antes da contratação do treinador anterior e muito menos esperava que acontece depois da contratação do Nathan Rooney. Este é um momento imprevisível, quer para mim, para o anterior treinador, para a direção ou até para os jogadores. A direção entendeu que devia falar comigo depois da saída do Nathan Rooney e resolvi aceitar, porque tinha muita vontade de regressar ao futebol e ao SC Espinho. Tem a ver com isso e não com o momento, que não é o ideal, evidentemente, mas isso é como muitas coisas na vida. Se estivermos à espera do momento ideal, dificilmente entramos em alguma coisa. Achei que as condições essenciais estavam reunidas, nomeadamente a minha vontade e a do clube. Se essas duas vontades forem muito grandes, acho que a probabilidade de ter sucesso será muito grande também.

Artigo disponível, na íntegra, na edição de 7 de setembro de 2023. Assine o jornal que lhe mostra Espinho por dentro por apenas 32,5€