Para fugir a prendas de Natal, que se tendem a repetir de ano para ano, existem alternativas bem mais personalizadas. Três artesãs com experiência no meio revelam as razões do charme destes artigos e a razão de serem produtos a ter em conta na hora de escrever uma carta ao Pai Natal. Uma viagem ao trabalho minucioso, atento e cuidadoso de quem faz das mãos a verdadeira ferramenta de trabalho.
Nada expressa melhor o espírito natalício do que a magia de criar algo com as próprias mãos. O artesanato, nesta época especial do ano, ganha um brilho único, transformando simples materiais em peças encantadoras que esquentam corações e decoram lares com um toque pessoal e afetuoso.
O Natal, repleto de tradições, ganha uma nova dimensão quando a prática do artesanato é abraçada. Ao invés de optar por decorações prontas, há espinhenses que enveredam pela alegria de criar decoração e presentes próprios. Desde presépios até ornamentos para a
árvore, cada peça torna-se uma celebração ímpar da criatividade e do carinho envolvidos na temporada festiva.
Paixões que começam desde cedo
Liliana Costa, Ana Mouta e Datília Mota são três artesãs com muitos anos de experiência na hora de criar presentes originais. O Natal é um dos pontos altos para o negócio, mesmo no caso de Liliana onde admite que o artesanato é um hobby, mas que começou desde tenra idade. “Observava a minha mãe a fazer crochê e outras atividades artesanais. Mais tarde, na
escola, aprendi a técnica de ponto cruz e passávamos noites criativas a bordar toalhas com essa técnica”, revela Liliana.
Na adolescência, começou a explorar um pouco mais a técnica de guardanapo, “que estava muito em voga na época”, e aprendeu a arte da decoupage. Ao longo do tempo, foi expandindo as habilidades. Posteriormente, dedicou-se à pintura de peças de marfinites
e chacotas e, mais recentemente, acrescentou uma nova habilidade ao repertório: trabalhos em gesso perfumado. Agora, faz as peças mais pequenas com gesso perfumado, de raiz, e, há cerca de dois anos, que “se tem focado muito na
área do Natal”.
Tal como Liliana, Ana Mouta revela que “os trabalhos manuais estiveram sempre presentes” e atribui a origem dessa ligação ao facto de ter crescido na aldeia de Porto Antigo, em Cinfães do Douro, onde não havia infantários. Tanto a sua ama como a sua mãe eram costureiras e “havia o hábito de tentar ensinar croché e tricô”, recorda.
“Claro que, sendo criança, não tinha muito interesse, mas aos cinco anos, já sabia tricotar. Em termos de costura, resistia, mas quando fui para a escola, já usava um casaquinho feito por mim”, relembra Ana, que, ainda assim, não considerava isso bom, uma vez que “significava tempo longe das brincadeiras com outras crianças”.
Com os estudos, essa habilidade ficou um pouco esquecida. A paixão pelo artesanato voltou quando a filha nasceu. Grávida, sentiu a vontade de criar coisas para a filha, como roupas em tecido, croché e tricô.
Com um percurso diferente está Datília, que entrou no mundo do artesanato há cerca de 15 anos, apesar de “sempre ter gostado de se envolver nas artes decorativas”. Já não tem bem noção de como terá surgido esta paixão, argumentando que a sua mãe “já fazia umas coisas, tendo uma habilidade incrível para bordados”, lembra.
“Gosto de trabalhar com várias matérias-primas. Vou desenvolvendo e recriando, não me foco
apenas numa coisa” explica Datília. Admite que é uma paixão relativamente recente, sendo que a sua formação académica está relacionada com a área social, mas “o gosto pelas artes surgiu de um momento para o outro”. Quando começou, fez uns trabalhos para o Natal, que gostou e vendeu.
Há cerca de dois anos, surgiu uma oportunidade de projeto em parceria com a Câmara Municipal de Espinho, a Rota Criativa, que reunia vários artesãos, mas na altura, “ainda não tinha explorado muito a arte”. O tema era direcionado para Espinho, e decidiu descobrir com que tipo de elementos poderia contribuir.
Foi então que descobriu a modelagem de cerâmica fria, começando a trabalhar com orientações e dicas que recebia. O projeto terminou e começou a caminhar sozinha, tentando desenvolver por conta própria. Hoje, reconhece que “não domina todas as técnicas e desconhece alguns materiais”, mas está sempre a aprender.
A vida surgiu no caminho da produção artesanal
A criatividade é um elemento fulcral para os artesãos. Contudo, os afazeres profissionais e pessoais ocupam uma grande parte do tempo e surge a necessidade de uma pausa. No caso de Liliana, a retoma deu-se no ano passado, quando recebeu o convite do Turismo de Espinho. Participou na Feirinha e o entusiasmo retornou. Mesmo que nunca tenha deixado
de praticar artesanato, havia deixado de expor peças em feiras.
No entanto, no ano passado, redescobriu a paixão e retomou com força total, inclusive divulgando os trabalhos na página do Facebook.
Entrevista exclusiva disponível, na íntegra, na edição especial de Natal, integrada na edição de 14 de dezembro de 2023. Assine o jornal que lhe mostra Espinho por dentro por apenas 32,5€