Anta/Guetim: Assembleia de Freguesia uniu-se contra a instalação da USF na antiga Escola Anta 3

Fotografia: Defesa de Espinho/DR

A Assembleia de Freguesia da União das Freguesias de Anta e Guetim aprovou ontem [19 de dezembro], por unanimidade, uma moção conjunta entre o Partido Socialista (PS) e o Partido Social Democrata (PSD) pela “manutenção da Unidade de Saúde familiar de Anta”.

Socialistas e social-democratas, numa reunião extraordinária solicitada pelo PSD, uniram-se para contestar a decisão assumida pela Câmara Municipal de Espinho em requalificar a antiga escola primária Anta 3 para ai instalar a Unidade de Saúde Familiar (USF) de Anta.

Os vogais eleitos para aquele órgão autárquico expressaram, desta forma, “um voto de repúdio pela decisão unilateralmente assumida pelo executivo camarário na deslocalização dos serviços atualmente prestados pela Unidade de Saúde Familiar de Anta sem nunca ter sido previamente reunida a audição dos órgãos autárquicos eleitos por toda a população”.

A Assembleia de Freguesia de Anta e Guetim pretende que “seja realizada uma ampla consulta pública antes de qualquer decisão de deslocalização da USF de Anta” e que seja “considerado e devidamente documentado o impacto social e económico da mudança”.

A Assembleia de Freguesia pretende, também, que sejam avaliadas alternativas para melhorar a infraestrutura e os serviços na localização atual, preservando o investimento público que tem vindo a ser efetuado ao longo dos últimos anos”.

No documento, os vogais pretendem que “se considere cuidadosamente a proposta de estabelecer a criação de um polo adicional para atender à população mais afastada, nomeadamente a de Guetim” de forma a permitir “a expansão do alcance dos cuidados de saúde mais perto da população de Guetim que, neste momento, tem centro de saúde de referência em Espinho”.

A Assembleia de Freguesia irá fazer “chegar esta deliberação à Assembleia Municipal de Espinho como expressão de vontade da população de todo o território da União das Freguesias de Anta e Guetim com vista a se exigir junto da Câmara Municipal de Espinho que as promessas públicas dos nossos políticos sejam cumpridas e os cidadãos respeitados e assim, exigir e tudo fazer para que condignamente se proceda efetivamente à construção de um novo edifício de raiz para a sua Unidade de Saúde Familiar em local central da Freguesia de Anta e Guetim”.

Atual localização garante fácil acesso aos serviços de saúde

No documento aprovado ontem, é tido em consideração que o “papel fundamental” da USF Anta no “fortalecimento dos laços comunitários” e que a sua deslocalização “impactará negativamente na relação de proximidade entre os profissionais de saúde e a população, comprometendo a eficácia dos serviços oferecidos”. É neste sentido que se considera que “a atual localização garante fácil acesso aos serviços de saúde, promovendo a inclusão e atendendo às necessidades daqueles que dependem dos serviços oferecidos”.

Vogais da Assembleia de Freguesia de Anta e Guetim não querem que a USF vá para a antiga Escola Anta 3

Os vogais defendem que “a deslocação implicará gastos adicionais para adaptar uma nova estrutura, recursos esses que poderiam ser direcionados para a melhoria efetiva dos serviços de saúde com, por exemplo, o aumento da equipa clínica e, consequentemente, o aumento da capacidade de resposta a um maior número de utentes”.

A decisão do Município de Espinho, para os eleitos por Anta e Guetim, deverá ser precedida por “um amplo processo de consulta à comunidade tendo em consideração o grau de exigência na transparência na tomada de decisões, fortalecendo, assim, a confiança entre os cidadãos e as instituições, garantindo que as necessidades da população sejam consideradas”.

Para os vogais da Assembleia de Freguesia de Anta e Guetim a decisão do Município de Espinho “reflete efetivamente pouco estudo e reflexão” e não respeita “os legítimos interesses das populações, a própria palavra dada a todos os cidadãos e, sobretudo, os respetivos órgãos autárquicos”, pelo que a decisão “tem, necessariamente, de ser revertida”.

“Aproveitar os fundos, mas não a qualquer custo”

No extenso texto elaborado pelos vogais do Partido Socialistas e reformulado, em alguns pontos, pelos social-democratas, os vogais acreditam que “a disponibilidade de fundos representa uma oportunidade única para impulsionar o desenvolvimento”, mas salientam que essa disponibilidade “não deve ser interpretada como uma carta-branca para investir indiscriminadamente”. “Aproveitar os fundos disponíveis é vital, mas não a qualquer custo”, destacam os elementos da Assembleia de Freguesia.

Para os vogais, “cada euro investido deve ser percebido como um instrumento valioso para o progresso, e não como um montante a ser gasto sem ponderação”. O “desperdiçar recurosos compromete a capacidade de realizar mudanças significativas e fere a confiança da sociedade nas instituições resposnáveis pela alocação desses fundos”, sublinha o documento aprovado que apela a que seja adotada “uma abordagem estratégica e baseada em estudos sólidos”.

Para isto, é necessário “a realização de análises de viabilidade, a identificação precisa das necessecidades e o estabelecimento claro de metas”, cujos passos “são essenciais para garantir que cada investimento seja direcionado para áreas onde possa gerar impacto positivo”. E a participação ativa da comunidade no processo de decisão, para os vogais, “não apenas promove a responsabilidade, mas também assegura que os investimentos estejam alinhados com as reais necessidades e aspirações da população”.

Na moção a Assembleia de Freguesia faz questão de relembrar o programa político do Partido Socialista na candidatura à Câmara Municipal no ato eleitoral de 2021 que defendia a “ampliação da USF de Anta” e a “criação de uma extensão de saúde em Guetim”.