Foto: Sara Ferreira

Depois de quase uma década na formação do FC Porto, Gonçalo Santos, ou Totti como é conhecido no mundo do hóquei, regressa à AA Espinho para continuar o seu desenvolvimento. Com 19 anos, teve oportunidade de rumar a outros clubes, mas preferiu voltar à casa que o formou como jogador.

Como começou a jogar hóquei em patins?

Os meus pais já tinham inscrito a minha irmã no ballet da AA Espinho. Como tinham de ir trabalhar e não tinham onde me deixar, decidiram colocar-me no hóquei em patins do clube.

Houve alguma razão em específico para acharem que o hóquei seria melhor opção que outra modalidade?

Nem por isso, na altura foi uma maneira de ocupar o meu tempo e foi assim que começou essa história. Desde os três anos que só jogo hóquei.

O que é que esta modalidade tem de especial?

O facto de nos permitir usar várias capacidades ao mesmo tempo é interessante. É preciso usar a visão, raciocínio, ter uma boa coordenação de pernas e braços. É uma modalidade que nos permite desenvolver muitas capacidades.

Chegou à Académica aos três anos e sai com que idade?

Saí da AA Espinho e fui para o FC Porto aos 10 anos. Na altura, o Filipe Santos tinha-me convidado para o FC Porto, mas até tinha decidido esperar dois anos para me desenvolver um pouco mais, por isso só fui aos 10 anos.

Como foi essa primeira passagem na AA Espinho?

Diria que foi excelente. Com cinco anos, comecei por jogar nos bâmbis, depois passei para a secção dos benjamins. Independentemente do escalão onde joguei, foi sempre muito bom, as pessoas acolheram-me muito bem, e até me deram uma alcunha, Totti. Fizeram de mim o jogador que sou hoje.

Porque lhe atribuíram essa alcunha?

Quando comecei a treinar nos bâmbis, não tinha nenhuma camisola da AA Espinho para treinar, apenas tinha uma camisola que o meu tio tinha trazido de Itália, com o nome do Totti, número 10, nas costas. A partir daí, as pessoas começam a chamar-me Totti e continua a ser assim.

A sua passagem pelo FC Porto durou oito anos. Houve algum choque de realidades quando
chegou lá, tendo em conta a exigência do clube?

Sim. Além disso, entrar na equipa principal do FC Porto é muito complicado, toda a gente sabe disso. Por causa disso, cheguei a uma altura em que precisei de dar um passo seguinte, para uma equipa sénior, competitiva, com objetivos bem delineados para poder continuar a minha evolução.

Antes de regressar à AA Espinho, jogava na equipa B do FC Porto ou nos sub-19?

Intercalava entre uma e outra.

Sentia que não iria ter uma oportunidade na equipa sénior tão cedo?

Sim, até porque já tinha tido vários treinos com eles, até já tinha integrado a equipa, mas, simplesmente não existe espaço. A equipa do FC Porto é muito competitiva, com jogadores muito experientes e não é normal avançarem com caras novas.

Porque decidiu regressar à AA Espinho? Havia outras propostas?

Tive outras propostas, mas a AA Espinho atraiu-me desde o início por causa das pessoas de confiança, que já conhecia há muito tempo, e do projeto ambicioso do clube.

Havia propostas para jogar na 1.ª divisão?

Só uma, para jogar no CH Carvalhos.

O que é que o seduziu no projeto academista?

Seduziu-me o facto de ser uma equipa com todos os tipos de idade. Há três ou quatro jogadores da minha idade, depois temos jogadores de 25, 30, 35 ou 40 anos. Temos o caso do André Pinto, que é uma referência, ou o Ricardo Silva, que dispensa apresentações e há muito
a aprender com esses jogadores.

Neste período, em que volta a estar com o emblema da AA Espinho ao peito, já aprendeu coisas novas com os mais experientes?

Sem dúvida, principalmente no aspeto em que apresento maiores limitações, que é a finalização. Tenho observado muito o André, que tem uma consistência de perto de 40
golos por época. Olho sempre para a forma como finaliza e como trata a bola na zona de finalização.

Quais são os seus pontos fortes como jogador?

Diria que os meus pontos fortes são a defesa e a visão de jogo. Sempre me disseram que estas são as minhas características mais fortes.

Está a ter o tempo de jogo que desejava?

Sem dúvida, esta experiência tem
correspondido a 100%.

Consegue escolher um melhor momento da época atual?

Talvez o jogo frente à Escola Livre, que ganhámos 3-6, e em que me senti mais confortável. Além disso tive resultados, com dois golos e uma assistência, ou seja, percebi que, depois de me ter soltado de alguma pressão própria, fiz um bom trabalho.

A nível individual, que análise é que faz a estes meses?

Têm sido muito bons, tenho jogado muito tempo, evoluído muito também. Tem sido bom, estamos numa boa classificação, a 6 pontos do 1.º classificado. Há muitas coisas boas para serem feitas.

Artigo completo na edição de 28 de dezembro de 2023. Assine o jornal que lhe mostra Espinho por dentro por apenas 32,5€.