Foto: DR

Apesar de só ter 23 anos, Alex Petrice já tem um percurso de prestígio no futebol, tendo jogado ao lado de nomes sonantes como Rafael Leão ou Florentino, nas formações de Sporting CP e SL Benfica. Agora, o jovem luta por um novo objetivo: a subida de divisão com o SC Espinho.

Apesar de estar em Portugal há vários anos, nasceu na Roménia. Quanto tempo é que lá viveu?
Tenho dupla nacionalidade, romena e portuguesa. Fiquei lá pouco tempo, vim para Portugal com três anos. A minha família é toda da Roménia, com a exceção de dois primos, que nasceram em Portugal.

É o primeiro futebolista da família?
Sim, sou o primeiro. O meu pai e o meu avô praticaram andebol e a minha mãe fez um pouco de ginástica, mas o primeiro a enveredar no mundo do futebol profissional fui eu.

Veio para Portugal para viver em Lisboa?
Sim, sempre estive a viver em Lisboa, na zona do Bairro Alto e Santa Apolónia.

Quando começou a jogar futebol?
Comecei com sete anos, na altura, no CIF, que era uma academia do Sporting CP. Depois rumei ao Sporting CP e estive lá durante uma época. Em seguida, fui para o Belenenses por duas épocas. Fiz os infantis B e iniciados B no SL Benfica e saí quando estava nos iniciados A. Queriam-me emprestar ao Casa Pia, mas acabei por não aceitar e decidi escolher outra opção para a minha carreira. Foi aí que surgiu o Sacavenense, um clube que estava perto da zona onde morava e fiquei lá durante duas épocas.
Depois recebi uma proposta do SC Braga e até vim fazer uns treinos a Braga, mas recebi novamente um convite do Sporting CP. Tive que tomar uma decisão e acabei por escolher o melhor contrato.

Tendo em conta o seu passado no SL Benfica e Sporting CP, considera que podia estar numa fase diferente na carreira atualmente?
Poderia, mas o futebol é assim. Foram más escolhas que fiz, os meus pais ainda me dão na cabeça hoje em dia por causa disso. Na altura era novo, não sabia muita coisa ainda, as decisões que tomei nascem da minha iniciativa e os meus pais sempre me apoiaram e acompanharam o meu progresso. Tenho 23 anos e os meus pais estão a par de tudo, falo com eles todos os dias e são o meu apoio. Respondendo friamente à pergunta, nesta altura já poderia estar noutro patamar.

O seu percurso ainda não é muito longo. Além de Espinho, esteve em Lisboa na maior parte da carreira, excluindo um período onde esteve nos Países Baixos…
Na minha última época no Sporting CP, rescindi e acabei por ir para o Fortuna Sittard. Foi uma experiência diferente, nova, a primeira vez que fui jogar para o estrangeiro.

O futebol holandês é assim tão diferente do português?
Sim, a diferença é bastante em termos de competitividade. A formação em Portugal é das melhores, na minha opinião. Vê-se isso no mercado, nos lançamentos de jogadores portugueses para o estrangeiro.
Nas camadas jovens, a formação portuguesa é muito boa em relação aos outros países. Quando fui para os Países Baixos notei uma grande diferença.

Porque é que decide vir para Espinho depois de uma carreira quase toda passada em Lisboa?
Tive propostas para continuar lá, só que acabei por aguardar por uma proposta melhor e um desafio diferente. Foi o que fiz, aceitei a proposta do SC Espinho e agarrei a oportunidade. Antes de assinar, informei-me, fui conhecer a história do SC Espinho e percebi logo que era um grande clube com um bom histórico e que seria uma oportunidade para conseguir relançar a minha carreira e poder jogar ao mais alto nível.

Acaba por estar numa situação semelhante à do clube. Ambos já estiveram em palcos maiores e estão a tentar voltar. Isso pode ser benéfico?
Claro, vim para aqui para jogar e ajudar o clube com os seus objetivos, tal como o clube me ajuda.

Jogou sempre a central?
Não. Mesmo quando jogava no futebol de sete, estava encostado à linha, como ala. No futebol de 11, jogava a defesa-esquerdo, porque sou rápido e tenho outras características mais apropriadas para essa posição, como ser bom no cruzamento, combinações, passe longo e aceleração. Ultimamente, tenho melhorado e também posso jogar a central pelo lado
esquerdo.

Tem jogado mais nessa posição nos últimos anos?
Sim, já há quase três épocas, porque também tenho características para jogar a central. Na última época, podia ter jogado a lateral esquerdo, mas como não havia outras opções para jogar no meio, acabaram por me escolher para jogar aí.

Sente que essa mudança também se deve à tendência cada vez maior de se jogar com três centrais?
Neste momento, como é essa a maneira como o SC Espinho joga, é algo que tenho de aceitar e cá estarei para ajudar o clube. Se precisarem que jogue a central assim o farei. Também posso atuar a lateral ou até a ponta de lança se precisarem.

Partilhou balneário com nomes bem conhecidos do futebol português. Há algum que o tenha marcado mais?
Sim, no Sporting CP, partilhei balneário com o Rafael Leão, que se tem destacado no AC Milan. No SL Benfica, fui companheiro do Jota, que agora joga no Al-Ittihad, e do Florentino, além de outros jogadores que tiveram bons lançamentos.

Já achava que alguns deles iriam ser jogadores profissionais?
Alguns sim, outros nem tanto, dependendo da maneira como os conhecia na altura, na maneira como treinavam e como lidavam com o quotidiano. No entanto, o mundo do futebol é assim, azar para uns, sorte para outros. Às vezes é algo que depende de se estar no sítio e momento certo. Ainda assim, o importante é o jogador não baixar a cabeça e dar sempre o melhor. Com tempo, as coisas vão aparecendo, é preciso ter paciência.

Mantém contacto com alguns dos seus antigos companheiros?
Atualmente nem tanto. Quando fui para fora desliguei-me um pouco de alguns amigos.

Voltando ao SC Espinho, tem atuado como central, mas já marcou dois golos. É algo circunstancial ou tem trabalhado mais este aspeto no treino?
Para um central é um pouco mais difícil, as melhores oportunidades surgem de bola parada e foi assim que marquei esta época. Há esse trabalho nos treinos e pretendo continuar com essa sequência de golos.

Tem alguma meta estipulada?
Não, apenas tento dar o melhor jogo após jogo. Se tiver uma oportunidade vou tentar aproveitá-la da melhor maneira possível.

Entrevista disponível, na íntegra, na edição de 04 de janeiro de 2024. Assine o jornal que lhe mostra Espinho por dentro por apenas 32,5€