Espinhense assumiu o cargo de direção, depois de anos na coordenação da equipa (Fotografia: Sara Ferreira)

Susana Ferreira, de 45 anos, é espinhense e diretora do Museu de Santa Maria de Lamas. Integrou o projeto ainda no tempo de estudante e, depois de anos de coordenação, assumiu a direção, um cargo que mantém há quase seis anos. Um trabalho que caracteriza de “grande responsabilidade” e onde garante que “nunca há dias iguais”.

Como começou a sua ligação ao Museu de Lamas?

Em 2003 foi estabelecido o primeiro contacto entre a Casa do Povo de Santa Maria de Lamas, entidade tutelar do Museu de Santa Maria de Lamas (MSML), e a Universidade Católica Portuguesa (UCP), com o objetivo de devolver ao museu a luz transformada em trevas, desde o desaparecimento do seu fundador em 1977. Nessa altura, estava a fazer o mestrado na Escola das Artes da UCP e fui convidada a integrar a equipa multidisciplinar responsável pelo projeto de reorganização museográfica e conservação das coleções do museu, que nasceu de um protocolo entre o departamento de Arte e Conservação e Restauro da UCP e a Casa do Povo de Santa Maria de Lamas. No fim do protocolo, em 2005, fui convidada a assumir o cargo de Conservadora do Museu de Lamas. Desde então, liderei a equipa que deu continuidade à requalificação, despoletando e coordenando o processo de credenciação do museu à Rede Portuguesa de Museus (RPM), cuja integração se deu em agosto de 2018, momento no qual assumi o cargo de diretora.

O museu encontrava-se num estado crítico. Como foi impulsionar a sua renovação?

Um verdadeiro desafio! Em 2004, a equipa composta por técnicos de áreas diversificadas para dar resposta ao exigente desafio do relançamento do museu, estava longe de calcular a complexidade do proposto. Numa primeira visita ao espaço museológico, que mais parecia um armazém, foi desde logo percetível que seriam muitas as dificuldades.

Que tipo de dificuldades?

A par das alterações substanciais à sua organização original, existia um desconhecimento efetivo do acervo, diversos problemas associados à conservação preventiva, tratamentos cientificamente erráticos à superfície das obras, particularmente na coleção de imaginária religiosa e, sobretudo, uma ausência de plano para a sua valorização e interpretação. Desde logo, fomos confrontados com a ausência profunda de informação quanto aos princípios programáticos da criação do museu e a inexistência de um inventário credível.

Foi um processo que levou vários meses?

Sim. Os primeiros foram exclusivamente dedicados à possível investigação documental e arquivística sobre o museu e as suas coleções, seguindo-se a materialização do inventário do acervo. Partindo da escassa informação existente, iniciamos uma fase complementar no que diz respeito à documentação museológica do MSML, propiciando a criação de um arquivo dotado de informação relativa a legislação, procedimentos museológicos e notícias retiradas da imprensa e roteiros locais. Além disso, fez-se o estudo das diversas coleções, com vista à realização de um inventário metódico e científico.

Entrevista disponível, na íntegra, na edição de 1 de fevereiro de 2024. Assine o jornal que lhe mostra Espinho por dentro por apenas 32,5€