Fernando Castro (Padrão): “Tive sempre um prazer enorme em jogar voleibol no SC Espinho”

Fotografia: Sara Ferreira

Fernando Castro, conhecido no desporto por Padrão, sempre vestiu a camisola do SC Espinho. Foi do futebol para o voleibol, afirmando-se na modalidade e chegando à seleção nacional. O antigo jogador, que assumiu a braçadeira de capitão durante uma década, recorda os quase 18 anos de equipa sénior, os sucessos e insucessos, e considera que a falta de instalações próprias é o maior entrave ao crescimento dos tigres.

Esteve sempre ligado ao desporto desde muito novo?
Comecei a praticar desporto, há cerca de 60 anos, na secção de ginástica da Académica de Espinho, na rua 29. Reconheço que, nessa idade, tal como outros miúdos dessa época, nunca pensaríamos em praticar desporto a sério. Só a partir dos 13 anos, juntamente com muitos amigos, começámos a jogar futebol nas escolas do SC Espinho, com o falecido José Alcobia. Foi lá que andei até entrar para os juvenis, onde joguei futebol durante dois anos, e no final da época de 1971/1972, fui fazer um jogo de voleibol, também pelos juvenis do SC Espinho contra o Colégio dos Carvalhos. No entanto, quando um dia vínhamos na carrinha do clube, na Aguda, tivemos um acidente e fraturei dois elos da coluna. Estive parado na época seguinte, durante cerca de 17 meses.
O presidente do clube era o falecido José Pinho e queriam que voltasse para o futebol. Porém, comecei a sentir pressões do Rolando de Sousa e do José Salvador para voltar ao voleibol. Acabei por aceder e fiz mais dois ou três jogos, acabando por optar por jogar voleibol, onde tinha grandes amigos como o Luís Resende e o Beto Salvador, entre outros.
Era nosso treinador o saudoso professor Luís Falcão que teve muita paciência comigo para que pudesse fazer a fisioterapia e a recuperação das mazelas do acidente. Acabei por participar em dois jogos pelos juniores e os jogadores mais velhos, nos seniores, quiseram que fosse para a equipa principal. Cheguei aos seniores aos 18 anos e, a partir daí, fiz a minha longa carreira no voleibol do SC Espinho.

Como foi o acidente na Aguda?
O SC Espinho tinha uma carrinha e vínhamos lá dentro uns sete ou oito jogadores. Tive um problema na coluna e o falecido Tibério Coelho e o Julião Cabral partiram uma perna. O motorista teve uma fratura de crânio e da bacia, o Beto Salvador uma lesão no ombro, o Mário Rui partiu um pulso. Isto foi na parte final dos campeonatos e, se a memória não me falha, a equipa não jogou mais nesse ano. Deverão ter saído ilesos três ou quatro jogadores.

O SC Espinho já era uma equipa com créditos na modalidade!
A equipa não era assim tão forte, porque tinham saído vários jogadores. Ficaram o Rolando de Sousa, José Salvador, Tomás Sousa e Fernando Correia. A equipa estava nas principais provas nacionais. No ano seguinte, apareceram muitos jogadores da equipa júnior, com os quais já tinha jogado. A partir daí, permaneci no SC Espinho 18 anos consecutivos, onde fiz mais de 700 jogos. Fui capitão de equipa durante cerca de 10 anos.
Tive épocas muito boas, em que conquistámos títulos nacionais e a Taça de Portugal e muitas participações nas competições europeias.

Foi muito novo para a equipa principal de voleibol!
Considero que comecei a jogar voleibol nos seniores, pois já tinha feito uns joguitos pela Escola Industrial [Escola Dr. Manuel Gomes de Almeida] nos campeonatos escolares. Um ano depois, fui chamado à seleção nacional e isto acabou por me motivar e a optar pela modalidade. Fui chamado à seleção nacional desde 1979 a 1985 e somei mais de 25 internacionalizações.

Chegou a ter propostas para deixar o SC Espinho?
Recebi algumas propostas, mas naquele tempo não ganhávamos dinheiro com a modalidade. O Leixões e o Esmoriz GC ainda tentaram que fosse para lá, mas nunca se concretizou. Andava no voleibol pelo prazer de jogar e por amor ao SC Espinho. Não me passava pela cabeça deixar um clube com a grandeza do SC Espinho para ir representar outros clubes que lhe eram manifestamente inferiores. Por isso, fiquei por cá, perto de casa e com os meus amigos.

Casou com uma jogadora de voleibol, a Palmira Castro…
A Palmira é mais nova do que eu e cruzámo-nos no voleibol. No entanto, não foi na modalidade que nos conhecemos. Éramos vizinhos e os quintais das nossas casas eram contíguos. Ambos tivemos um percurso no voleibol, no SC Espinho e ela, também, noutros clubes.

O seu pai, Gino Padrão, sempre esteve ligado ao SC Espinho. Considera que o influenciou na ligação afetiva ao clube?
Lembro-me de ver o meu pai num treino, no dia em que comecei a treinar voleibol no SC Espinho. Teve a preocupação de saber, junto do professor Luís Falcão, como iria fazer com os treinos. Ele ia ver os nossos jogos. Enquanto estive no futebol, nunca falou comigo sobre isso e ele era um grande adepto dessa modalidade.

Artigo completo na edição de 8 de fevereiro de 2024. Assine o jornal que lhe mostra Espinho por dentro por apenas 32,5€.