Daniel Monteiro é um produto dos escalões de formação da Académica de Espinho. (Foto: Isabel Faustino)

Daniel Monteiro só conhece um clube no voleibol, a Académica de Espinho. A aposta nos jovens e as condições oferecidas aos atletas, deixam o jovem mocho a querer estender esta relação por mais alguns anos.

Que análise faz à época da AA Espinho, até ao momento?

Tivemos um começo mais tremido por a equipa ser nova e não nos conhecermos bem. No entanto, com tempo e treino, começámos a jogar melhor, invertemos uma situação
que era muito difícil e conseguimos qualificar-nos para os oito primeiros, que era o nosso maior objetivo da época.

Como é que conseguiram dar a volta a essa situação?

Tivemos de acreditar muito, porque não dependíamos só de nós. Precisámos que outras equipas perdessem. Simplesmente, encarámos os nossos jogos, tínhamos de ir ganhar um jogo fora, muito difícil, contra o Vitória SC, conseguimos vencer e, depois, como o SC Espinho,
perdeu, deixou tudo em aberto para a última jornada. Jogámos esse último jogo só para ganhar, não nos interessámos no outro encontro.

Acabaram por conseguir ficar nos oito primeiros lugares, que era o mais importante. Qual é o objetivo agora?

O nosso objetivo principal era esse. É claro que, conseguirmos chegar mais longe é sempre um prémio extra, mas o nosso objetivo era chegar aos oito primeiros e, agora, jogamos sem qualquer tipo de pressão extra. Tentamos jogar o nosso melhor e conseguimos competir com qualquer equipa.

Acabar em quarto lugar é pedir demasiado à equipa?

Não é pedir demasiado, porque somos uma equipa muito bem constituída e completa. No entanto, as outras equipas que estão nesta fase também são. Todos os jogos que tivemos, mesmo que o resultado tenha sido de 3-0, foram muito equilibrados, porque o nível está muito alto. Sem contar com Sporting CP e SL Benfica, o resto está muito equilibrado. Por isso, cada jogo pode mudar a perspetiva. Tínhamos ganho dois jogos seguidos, depois perdemos o último e foram todos muito equilibrados.

Se jogarmos bem podemos sempre acreditar.

Não é só no campeonato que a AA Espinho está nos oito primeiros, mas na Taça de Portugal também. Esperava que a equipa chegasse tão longe?

Tivemos um jogo muito difícil contra o VC Viana e já tínhamos perdido com eles no campeonato. No entanto, jogámos bem, os sets foram todos equilibrados e conseguimos ganhar.

Era um objetivo passar aquela fase, porque temos equipa para isso. Vamos tentar chegar mais longe, vai ser difícil, mas vamos tentar.

O jogo é agora, para a Taça de Portugal, com o Sporting CP. Há um nervosismo maior a jogar contra esses adversários ou num derby da cidade?

Acho que quando se joga contra equipas como o Sporting CP e o SL Benfica não há muito nervosismo. Não temos tanta pressão para ganhar, mas também dá outra vontade.

Ganhar a uma equipa dessas é sempre outro prestígio e é muito difícil fazer, mas, com o decorrer do jogo, se estivermos bem e sempre num nível muito alto, conseguimos equilibrar.

A outra equipa também não pode estar sempre no seu melhor, mas acho que se estivéssemos sempre num bom nível durante o jogo inteiro, conseguimos ganhar um jogo ou outro contra Sporting CP ou o SL Benfica.

Ainda é novo, apesar de já ter algumas épocas na AA Espinho. Sente que lida melhor com a pressão agora do que no início do seu percurso?

Sem dúvida, no início preocupava-me muito com os erros, que não devia errar certas coisas, que se errasse não ia voltar a ter outra oportunidade, mas isso acaba mesmo só por prejudicar o desempenho. Com a experiência do nosso treinador, de todos os treinadores e atletas que estiveram comigo e me transmitiram a sua experiência, percebi que é preciso jogar livre, com a cabeça fria, sem pensar demasiado e jogar o que sei.

Ou seja, direcionar mais o pensamento para a equipa acaba por libertar o jogador?

Sim, tira mais a pressão de mim mesmo, acaba por ser mais natural o jogo e não muito forçado.

Quando é que teve essa mudança de mentalidade?

Foi com o tempo. Na primeira época na equipa sénior, estava muito na expectativa, ver o que os outros faziam, como é que reagiam a certas coisas, tentar assimilar, porque já estão lá há muito tempo e sabem o que é melhor.

Depois, tentar aplicar em mim e perceber que estava a resultar, por isso tentei continuar a fazer isso e tem ajudado bastante.

Sente que essa pressão foi prejudicial?

Por um lado, prejudica, mas também é necessário, é uma aprendizagem. Se fosse tudo muito fácil, não ia ter margem de progressão nenhuma. No início, a pressão é sempre bem-vinda e, em geral, faz sempre bem, temos de saber lidar com ela da melhor maneira.

Artigo completo na edição de 15 de fevereiro de 2024. Assine o jornal que lhe mostra Espinho por dentro por apenas 32,5€.