São ucranianas, são mulheres e, em comum, apresentam um relato de coragem e determinação que as fez avançar para um mundo forçado e desconhecido. Permanecer num país em guerra não era a solução e, por isso, juntamente com os filhos, enfrentaram aquele que consideram ser o desafio das suas vidas.
Jane, Karina e Hanna vivem em Espinho há dois anos. Apesar de não terem ligações familiares e histórias de vida muito distintas, há uma nacionalidade que as une, tal como muitos desafios e uma visão de futuro pautada pela incerteza.
Chegaram de forma atribulada. Não escondem que mudar de país estava fora dos planos de vida, mas a invasão à Ucrânia em fevereiro de 2022, não lhes trouxe outra alternativa. Em pouco tempo, perceberam que havia decisões difíceis a tomar.
Jane, de 37 anos, começou com uma pequena mudança, mas de nada resolveu. “Quando a guerra começou, pensávamos que seria uma situação temporária, por isso, decidimos, num primeiro momento, ir para uma casa que tínhamos numa aldeia da Ucrânia”, conta, explicando que vivia em Kiev, a capital do país. No entanto, o verdadeiro impacto acabaria por chegar mais tarde. “Quando percebemos que a guerra não ia acabar tão cedo, fomos para a Roménia”, diz.
Confrontada com a realidade do seu país estar em guerra, Jane quis fugir, mas traumatizar as duas filhas não era opção. “Tentávamos sempre desvalorizar a situação perante as crianças, por isso, transmitimos- lhes a ideia de que faríamos uma viagem. Nunca quis que elas encarassem isto como uma situação de refugiados de guerra. Claro que as crianças sabiam o que se passava, mas falávamos em ir ver o mar num país mais quente e dizia-lhes que iriam ter roupa para nadar”, refere a ucraniana, explicando que a primeira opção era uma mudança para o Egito, já que o objetivo era escolher um país quente, deixando para trás as temperaturas negativas de Kiev.
Reportagem disponível, na íntegra, na edição de 07 de março de 2024. Assine o jornal que lhe mostra Espinho por dentro por apenas 32,5€