Diana Monteiro está a cumprir a sua segunda temporada ao serviço do Novasemente GD. Natural da Batalha, veio sozinha para Espinho para representar um dos mais emblemáticos clubes do futsal feminino. Aos 24 anos, é uma das guarda-redes da equipa sénior antense e tem a ambição de vir a ocupar um lugar mais permanente na seleção nacional A, onde já esteve por quatro vezes.
Como surgiu o futsal na sua vida?
Comecei a jogar aos 10 anos de idade, no clube da minha terra, a Associação Recreativa Amarense, na Batalha. Já lá vão 14 anos.
O meu desporto inicial foi o basquetebol e, depois, fui para o andebol. Como não gostava muito de jogar com as mãos, fui fazer um treino de futsal. Perguntei aos meus pais se podia e eles foram falar com a treinadora que lhes disse para ir experimentar a modalidade, sem quaisquer compromissos. Fui a um treino, gostei e nunca mais deixei de jogar futsal.
Foi sempre guarda-redes?
Comecei por jogar à frente, mas a minha treinadora, no Amarense, achou que eu estava mais vocacionada para ser guarda-redes. Experimentei e permaneci nessa posição até aos dias de hoje.
No Amarense só esteve uma temporada!…
Em 2009 fui para o Golpilheira, onde estive até ao ano passado, altura em que vim para o Novasemente.
Como surgiu a oportunidade de jogar pelo Novasemente?
Já conhecia bem este clube, sobretudo pelo seu palmarés onde já conta com um título de campeão nacional de futsal feminino e de algumas finais em várias provas. Já conhecia algumas das jogadoras num estágio que fizemos na seleção nacional de sub-19. Mas o meu maior conhecimento deste clube, antes de vir para cá, era como adversário do Golpilheira.
Já era minha vontade sair do clube onde estava há já tantos anos e surgiu esta oportunidade. Tinha de dar um passo em frente na minha carreira e agarrei esta oportunidade de vir para cá. Em boa hora o fiz porque o nosso percurso no futsal, como mulheres, é muito curto. Acho que arrisquei bem e, por isso, não me arrependo desta minha opção.
Nunca se sentiu discriminada por praticar um desporto, considerado por muitos, masculino?
Esse estereotipo já está ultrapassado, embora ainda haja muitas pessoas a pensar que isso ainda é assim. Nós, mulheres, estamos a mostrar que, cada vez mais, o futsal não é um desporto só para homens, assim como o futebol. O futsal é uma modalidade que pode ser praticada por todas as mulheres e por todas as meninas que o queiram fazer. É um desporto interessantíssimo e com muita dinâmica.
O que lhe disseram os seus pais quando optou por jogar futsal?
Os meus pais nunca me influenciaram relativamente à escolha da modalidade. Se eu queria esta ou aquela modalidade, eles sempre apoiaram. Nunca me colocaram barreiras nem se opuseram às minhas decisões. Fizeram aquilo que todos os pais deveriam fazer em relação aos seus filhos, ou seja, deixar que seja a criança a escolher a sua modalidade. O importante, para eles, era que eu praticasse um desporto. O resto era comigo.
Terminou os seus estudos na escola… E depois?
Terminei o 12.º ano de escolaridade e fui trabalhar. No ano passado inscrevi-me num curso de Inglês e este ano deverei completá-lo. Cá por Espinho não tive emprego, mas a partir do próximo mês tenciono começar a trabalhar. Ainda não sei em quê, porque enviei o meu currículo para vários sítios e estou à espera que me respondam.
Mas os guarda-redes conseguem ter longevidade nos desportos!…
Não sei muito bem até quando irei jogar futsal. Vou tentar jogar durante o maior número de anos que conseguir. Porém, a partir do momento em que sentir que a minha presença no desporto, como atleta, já não está a ser benéfica, nem para mim, nem para o clube onde estou, abandonarei a carreira de jogadora. Acho que é desta forma que se deve encarar o desporto. Quando chegar esse final de carreira irei fazer uma introspeção para avaliar a minha situação como atleta.
Artigo completo na edição de 9 de fevereiro de 2023. Assine o jornal que lhe mostra Espinho por dentro por apenas 32,5€.