“A Varina”: conceito de qualidade e (também) serviço ao domicílio

Andreia Marques e Carlos Manuel são os responsáveis pela peixaria "A Varina"

Trata-se de um negócio familiar com atividade há quase 40 anos”, historia Andreia Silva Marques. “A peixaria era da minha mãe, que vendia na lota de Espinho e com o encerramento do mercado foi-lhe atribuída esta loja pela Câmara Municipal. Há cerca de quatro anos, ela teve um problema de saúde, que a impediu de continuar a trabalhar, para além da idade e do cansaço, e o desfecho mais provável seria encerrar-se o negócio com tantos anos. Eu e o Carlos Manuel decidimos dar continuidade ao negócio da família.”
“Trabalhei num hipermercado em Esmoriz e depois pedi transferência para Espinho, mas não me estava a sentir bem e agora estou muito bem”, prossegue Andreia Silva Marques. “A minha avó era peixeira e vendeu sempre com a canastra à cabeça e de pés descalços. A minha mãe seguiu as pisadas da mãe e, consequentemente, eu segui as pisadas a minha mãe e da minha avó. Isto não era um negócio completamente desconhecido para mim. Ajudei a minha mãe desde miúda. Gosto do que faço, porque sinto que sou mulher vareira e, como costumo dizer, com sangue na guelra e escamas na pele.”
A extensão do negócio à frutaria só surgiu há dez meses. “A loja é enorme e havia um espaço que não tinha serventia.”
A peixaria/frutaria “A Varina” tem ativa a componente da entrega das encomendas ao domicílio. “Algumas clientes da minha sogra iam perdendo capacidade de mobilidade e ela ia-lhas levar as encomendas a casa”, revela Carlos Manuel. “Demos continuidade a este serviço, mas logo na primeira fase do confinamento exploramos mais essa situação através das redes sociais. O serviço de entrega ao domicílio tem tido uma grande adesão, seja por ‘facebook’, ‘instagram’ ou telefone. Combinamos o dia e a gora da entrega da encomenda. Sou eu que trato das entregas ao domicílio.”
“Há muitos clientes que me perguntam se eu sou o Carlos Manuel que jogou no Sporting de Espinho”, relata o ex-jogador que há três meses findou a carreira no Alba. “Joguei durante 32 anos e como profissional foram vinte anos, dez dos quais no Sporting de Espinho, clube onde fui capitão. Comecei a jogar com 9 anos, em Viseu, onde nasci. Tenho um passado bonito no Sporting de Espinho e agora integro uma escola particular de futebol de formação (treino individual) em Guetim. Estou a preparar-me para regressar ao futebol profissional como treinador.”
Futebol e peixaria são, no entanto, realidades completamente diferentes. “Faço isto com enorme prazer, seja a trabalhar na peixaria e frutaria, ou a levar as encomendas a casa das pessoas e a receber mensagens dos clientes, dizendo que estavam tudo ótimo. O futebol não dura sempre enquanto se é jogador. Ainda bem que optei por esta atividade. Eu nem sabia distinguir o peixe, mas a minha mulher foi a minha formadora. Hoje já faço um pouco ou muito de tudo mas, de facto, tive uma excelente professora. E também, tive uma mente aberta, de tal modo que até já disse à minha mulher que perece que eu nasci para isto…

Artigo disponível, na íntegra, na edição de 12 de novembro de 2020. Assine o jornal que lhe mostra que lhe mostra Espinho por dentro, a partir de 28,5€.