Uma Liga para ajudar

“Fui voluntária no Hospital de S. João, no Porto, e houve muitas situações que me marcaram”, recorda Fernanda Fontes. “Estava no serviço de traumatologia e apareciam lá casos terríveis! Eu ajudava os doentes traumatizados e gostava daquilo que fazia. Foi a médica Teresa Salgado que me incentivou a ser voluntária num serviço hospitalar com casos muito graves. Ficava sempre comovida com os jovens que tinham acidentes de moto e conversava muito com eles.
Era compensador ver a satisfação deles quando lhes chegávamos água ou sumo. Eles estavam praticamente imobilizados e sem ninguém ao lado deles. Senti então o valor do voluntariado.
Sempre fiz voluntariado com muito gosto. E assim espero continuar a fazer enquanto puder e sentir que sou útil.”
“Embora faça voluntariado em casa, porque tomo conta dos netos, acho que me faz bem alguma coisa diferente”, vinca, por seu lado, Maria José Ferreirinha. “É por isso que sou voluntária e gosto. É muito gratificante. Também temos os nossos problemas e há dias em que chegamos aqui e tudo se transforma.
Temos necessidade de contactar com os doentes e de os pôr mais bem-dispostos e eles também nos ajudam a ficar com boa-disposição. E isso é gratificante para toda a gente.”
“Sinto-me muito triste quando sei que morre um doente com quem contactei e apoiei”, afirma Valter Fortuna com os olhos humedecidos. “Quando se faz algo com o coração é natural que se dique emocionado. E aumenta a angústia nesta fase da pandemia, porque temos de cumprir as regras. E, por isso, não podemos acompanhar os doentes que estão internados. Há doentes que reagem menos bem, porque estão cheios de dores e sem a presença da família.”
Este trabalho é coordenado pela LAHE, entidade que, define o seu presidente, tem por missão estatutária “dar suporte não clínico, psicológico e material aos utentes deste hospital”. Assim acontecia quando a unidade era autónoma e assim acontece desde que foi integrada no Centro Hospitalar. Edgar Ferreira recorda que a organização tem “suportado as despesas no conforto prestado pelo voluntariado aos utentes do hospital”. “Por exemplo, a Liga tem sempre em atenção as prendinhas para os doentes no Natal, na Páscoa e no Dia do Doente.
Mas o mais importante é o apoio que o nosso voluntariado presta aos doentes e aos utentes dos serviços de exames e análises, disponibilizando, por exemplo, apoio e conforto. E também damos apoio domiciliário, emprestando camas articuladas, cadeirões de descanso, cadeiras de rodas e outras coisas que os doentes que se mantêm no seu domicílio precisam. Ainda agora conseguimos obter mais uma cama, porque as outras estão todas distribuídas e se surgir uma necessidade urgente já temos uma para ajudar alguém”, exemplifica o responsável. “Felizmente”, segundo Edgar Ferreira, existem outras instituições em Espinho que “também prestam apoio a quem necessite”. No entanto, reforça, “todo o apoio e necessário”, partilhando a opinião de que “o serviço de voluntariado no hospital devia ser mais reconhecido e apoiado”. “E, como já salientei, a nossa ação nas se limita a unidade hospitalar. Há quem precise de apoio material no seu domicílio”.
A LAHE também já contribuiu com a requalificação do acesso as consultas externas. “Assim evitou-se que as cadeiras de rodas andassem em cima de paralelos. E também melhoramos a parte interior do acesso as consultas externas.” Entretanto, a plantação de uma oliveira “foi um ato de simbolismo e de registo da ação social voluntaria.” “Não podemos fazer muito mais do que aquilo que fazemos”, sublinha Edgar Ferreira.
“A Liga tem-se disponibilizado para apoiar o Centro Hospitalar de Gaia/Espinho para o que for preciso. Quando surgiu a primeira vaga da pandemia, perguntamos ao Centro Hospitalar em que e poderíamos ser uteis. E, ate agora, parece que não precisaram de nada…” Ou seja, não há a intencionalidade de quem se quer impor, mas somente em contribuir.
“A LAHE não está aqui para ajudar quem não quer ser ajudado, mas sim quem precisa e quer ser ajudado.
Foi assim quando se fizeram as obras. A nossa atividade do voluntariado esteve parada durante alguns meses, por imposição devido a pandemia, e não sei ainda se as restrições vão ser de novo agravadas.”
“Nos disponibilizamos o nosso apoio”, reforça Edgar Ferreira. “Por exemplo, o serviço de hospitalização domiciliária tem estado suspenso e as nossas voluntárias tem ido fazer companhia a esses doentes quando e necessário, mas a pandemia tem também afetado essa nossa ação. E, como se sabe, os voluntários não tem as aptidões clinicas e os equipamentos necessários. Mas estão prontos para colaborar!”


“A Liga dos Amigos do Hospital de Espinho precisa de gente nova”

Edgar Ferreira é o atual presidente da Liga dos Amigos do Hospital de Espinho

Edgar Ferreira sucedeu a Ferreira de Campos na presidência da Liga dos Amigos do Hospital de Espinho, fundada em dezembro de 1993 e classificada de utilidade pública em fevereiro de 1995, pela Direcção-Geral de Ação Social.
Há cerca de quatro anos que sou o segundo presidente da Liga. Uma entidade que é necessária, porque desempenha uma missão importante no apoio aos doentes.

O passado e o presente são é meritórios. E como será o futuro?
A Liga está a precisar de gente nova. A nossa média de idades é muito alta e, qualquer dia, não temos forças para o desempenho do voluntariado. E até a própria média etária do corpo diretivo está acima dos 70 anos. Estamos a ficar todos muito gastos e é preciso apelar a quem possa dar o seu contributo à atividade voluntária e diretiva.

O projeto está alicerçado e consolidado. Resta dar-lhe continuidade…
Queria renová-la um bocadinho. Gostava que viessem novas energias.

No historial da Liga constam figuras que ficarão eternizadas na dinamização do voluntariado…
A Dona Gita, por exemplo, que, até há pouco tempo, foi a alma do voluntariado. O Dr. Ferreira de Campos foi o mentor da Liga dos Amigos do Hospital de Espinho. Creio que a terra não faz a mínima ideia de que esta organização existe e o que é que faz. Para mim foi, uma surpresa. Eu pagava uma quota e não estava minimamente a par da atividade da liga. Reconheço que agora valorizo mais a atividade e a utilidade da Liga.

E que comentário lhe apraz fazer sobre a Unidade 3 do Centro Hospitalar de Gaia/Espinho?
É uma realidade que a maioria dos espinhenses desconhece. Este hospital parece uma clínica privada! Funciona de uma forma fantástica! O serviço de cirurgia de ambulatório tem processado cirurgias, umas atrás das outras. Os doentes internados são extremamente bem tratados. O próprio ginásio de reabilitação dos doentes é extraordinário! Confesso que não conhecia minimamente este hospital. Fala-se tão mal deste hospital e é exatamente o contrário! Apenas falta um serviço de primeiros-socorros. Não quero confundir isso com o serviço de urgências, mas é preciso um serviço de primeiros-socorros para, por exemplo, uma sutura a um corte, aliviando o serviço de urgência de uma unidade hospitalar central, ou que rastreie uma dor de cabeça e que, em caso de Covid-19, deve o doente ser encaminhado o doente para outra unidade apropriada.

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