Espinho é a vida de Carlos Padrão, o seu lar e o seu espaço. Quase a completar 84 anos, confraterniza com os companheiros de longa data na zona pedonal da Rua 19, onde reside há décadas. Foi orfeonista, futebolista e voleibolista e ainda se destaca no dirigismo do associativismo que ainda novo abraçou.
Mais de oito décadas, muitas vivências e experiências, a par de inúmeros contributos sócias e associativos conferem-lhe um profundo conhecimento de Espinho. Sente orgulho de Espinho? Corporizou o passado e faz parte do presente de Espinho…
Fico emocionado quando me refiro a Espinho. É a minha terra e tenho muito orgulho em ser espinhense. Vivi sempre em Espinho, onde cresci e onde me desenvolvi como homem e cidadão. Adoro Espinho!
Foi recentemente alvo de uma homenagem social com a participação de centenas de espinhenses. Um tributo satisfaz sempre o ego, mas essencialmente dá alento e recompensa uma vida intensa e disponível?
Foi um gesto bonito e que me sensibilizou bastante. Manifestei, desde logo, o meu profundo agradecimento. Fico emocionado quando recordo esse momento. Sou um sentimentalão! Tenho-me dedicado às causas associativas e daí a realização dessa homenagem, mas talvez porque também sou uma pessoa de valores e de sentimentos.
Reconhece que é uma inegável referência de Espinho?
Fala-se muito de Espinho, mas Espinho é falado pelos partidos e eu sou apartidário. Fui sempre independente, embora tenha a minha posição política e sei o que quero.
Mas a sua imagem insere-se notoriamente noutros quadrantes… O que é que lhe diz a sua cidade?
Espinho foi sempre uma terra privilegiada. Eu tenho uma grande paixão pela minha terra. É uma paixão que eu sou incapaz de atraiçoar ou subestimar. Nasci, fui batizado, cresci, fiz a comunhão e fiz parte do grupo de jovens da Igreja e casei em Espinho, onde também nasceram os meus filhos. Fiz a primária e estudei no Liceu Alexandre Herculano, no Porto, antes de ingressar no Colégio S. Luís, em Espinho. Tenho muito orgulho em ser de Espinho.
Há uma ou outra recordação de outros tempos de Espinho?
Tinha 9 anos quando integrei um grupo de uma centena de crianças que fazia ginástica, uma vez por semana, no antigo campo de futebol da Avenida. Era um desporto sadio e orientado por quem já era avançado para aquele tempo, ou seja com o conceito da então dita ginástica sueca, desenvolvendo exercícios físicos e respiratórios.
Éramos seis irmãos: quatro rapazes e duas meninas. em 1949 e 1950, faleceram-me três irmãos, num período grave de tuberculose.
Exercícios físicos e sadios…
Mas eram também tempos difíceis, até em termos de saúde, como os de hoje com a pandemia. Éramos seis irmãos: quatro rapazes e duas meninas. Entretanto, em 1949 e 1950, faleceram-me três irmãos, num período grave de tuberculose. Um deles jogava futebol quando o Sporting de Espinho foi finalista em 1944/45, em Lisboa, do campeonato nacional de juniores. Calhou-nos jogar com o Benfica e o Sporting de Espinho perdeu 1-0. Mas tínhamos uma equipa superior, só que o campo era relvado e nós não estávamos habituados…
Entrevista disponível, na íntegra, na edição de 25 de março de 2021. Assine o jornal que lhe mostra Espinho por dentro, a partir de 28,5€.