Foi há cerca de cinco anos que Jorge Duarte partiu para África para ser treinador dos Vipers, equipa de futebol do Uganda em que conquistou o título de campeão nacional (2018). Foi o primeiro capítulo da aventura internacional do treinador espinhense de 40 anos que começou no futebol distrital, passou pelos campeonatos de futebol popular de Espinho e tem desbravado o continente africano à procura de desafios “onde as expectativas não são altas”.

Como é que nasceu esta sua paixão pelo futebol?

Comecei a jogar futebol muito cedo, como a maioria dos jogadores, mas como federado já foi tarde. Só comecei no segundo ano dos iniciados, no Grijó. Na época seguinte fui para o FC Porto, tendo lá permanecido nas duas épocas de juvenil e na primeira de júnior. No ano seguinte fui emprestado ao SC Espinho. Nesse clube contraí uma lesão no joelho que me retirou dos relvados durante bastante tempo, mas, nessa altura, já ia treinar aos seniores. Tive uma recuperação longa e difícil. Três anos depois, o João Ferreira convidou-me para ir com ele para o Maia, como seu treinador-adjunto. Experimentei e gostei. Além desse primeiro contacto como treinador, ainda hoje tenho uma grande amizade com o João Ferreira. Teve uma grande influência na minha carreira como treinador.

Se não fosse a lesão teria continuado como jogador?

Provavelmente teria continuado a jogar. Mas acredito que nada acontece por acaso. As oportunidades surgiram na altura certa. Ainda hoje estou muito grato ao João Ferreira. Afinal, treinador de futebol acabou por ser a minha profissão.

Chegou a frequentar cursos de treinador?

Fiz vários cursos, embora, quando comecei não era necessário que um treinador-adjunto tivesse qualificações. Cheguei a ser inscrito como dirigente para poder estar no banco. Nesse primeiro ano inscrevi-me num curso de Nível 1 em Aveiro. A partir daí fui frequentando os vários níveis e as formações. Já fiz mais de uma dúzia de formações, mas não quero ficar por aqui. Estou a aguardar pela oportunidade de tirar o curso UEFA Pro. O facto de andar muito por fora também não me facilita a vida nessa questão de cursos. Em África tirei o CAF A, que é como o UEFA Pro, mas infelizmente não me dão equivalência. É muito estranho porque esse curso foi orientado pela FIFA…

De treinador-adjunto passa a treinador principal…

No Maia fui adjunto do João Ferreira, mas no S. Félix da Marinha já estive como treinador principal nos juniores e iniciados. Depois, acabei por ser o treinador principal dos seniores. Todo este percurso constituiu uma boa experiência, porque me ajudou bastante em muitos aspetos. Em África sempre tive a sorte de ter jogadores jovens nas minhas equipas e este percurso já me tinha dado muita experiência nesta área. Por outro lado, estar nas competições da Associação de Futebol do Porto traz uma outra realidade competitiva, até pela proximidade dos clubes intervenientes. Cada jogo é um dérbi. Quando jogava tinha uma máxima: “antes partir do que perder”. Neste sentido, o ambiente que se criava em todos os jogos enquadrava-se nesta máxima. Isto deu-me uma bagagem interessante para aquilo que viria a encontrar no primeiro ano no Uganda, em que as condições não eram as melhores. Tínhamos de nos reinventar todos os dias.

Do distrital passa para o futebol popular de Espinho. Não terá sido descer um degrau na sua carreira?

Entrevista completa na edição de 4 de novembro de 2021. Assine o jornal que lhe mostra Espinho por dentro por apenas 30€.