Fotografia: Sara Ferreira

Cerca de quatro mil quilómetros separam os ucranianos que vivem em Espinho do seu país de origem. A distância física pode ser muita, mas a emocional está bem perto, fazendo parte do dia a dia sobressaltado de cada um deles desde que a Rússia invadiu a Ucrânia e a guerra explodiu a 24 de fevereiro.

Medo, preocupação, angústia e revolta. A Defesa de Espinho conversou com cinco cidadãos ucranianos a residir em Espinho e conta-lhe, na primeira pessoa, como é sobreviver a uma guerra que, para eles, é vivida à distância.

Ter que lidar com a guerra que se desenrola no país de origem é, para muitos dos ucranianos que vivem em Espinho, um autêntico sobressalto. Apesar de se terem mudado para Portugal e aqui terem reerguido uma vida, foi na Ucrânia que deixaram os pais, os tios, os primos e muitas lembranças de uma infância pautada por algumas dificuldades, mas sempre passada em família.

Alyona Smertina, de 45 anos, é um dos muitos exemplos que Portugal conhece. Professora de matemática, decidiu deixar a Ucrânia com o objetivo de encontrar outro modo de vida e algo que lhe permitisse estabilidade financeira. Foi por cá que a descobriu. O objetivo seria vir por um ou dois anos, mas, entretanto, já se passaram 21. “Entrei a primeira vez em Espinho, gostei e fiquei. Comprei aqui casa e a minha filha já nasceu cá. Tínhamos a intenção de voltar ao nosso país, mas começamos a resolver a papelada e acabamos por ir ficando sempre mais algum tempo”, recorda Alyona. “O meu marido, algum tempo depois, chamou os pais dele e a irmã para virem também, mas a minha família ainda vive na Ucrânia, precisamente em Kiev”, conta esta cidadã, sem esconder a tensão na voz. Halyna Kovalchyk tem 44 anos e está em Portugal há tantos anos como Alyona. Mudou-se para Espinho há uma década, numa altura em que decidiu comprar um apartamento e trocou Esmoriz por Espinho.

Reportagem disponível, na íntegra, na edição de 10 de março de 2022. Assine o jornal que lhe mostra Espinho por dentro por apenas 30€