Projeto foi criado no âmbito do programa Norte2020 (Foto: Sara Ferreira)

Com o lema de que cada vida importa, o Centro Social de Paramos dinamiza, através do projeto UmaVida, um apoio especialmente dirigido à comunidade sem-abrigo de Espinho. Todas as semanas, trilha as ruas do concelho à procura das histórias mais escondidas, proporciona um pequeno lanche no final das tardes e representa, na voz dos seus utentes, a maior fonte de convívio. Momentos de alento que, de acordo com alguns dos sem-abrigo de Espinho, representam a ajuda essencial para encarar a dura realidade de uma forma mais fácil.

“Vim do Porto para Espinho há pouco mais de um mês devido a uma proposta de trabalho. Prometeram-me um emprego, mas quando cá cheguei percebi que afinal não havia nada, disseram-me apenas que já tinham contratado outra pessoa que lhes ficaria mais barata. Trouxe as minhas coisas, todas as minhas roupas e fui ficando numa pousada, mas tinha pouco dinheiro. Por isso, estou há um mês na rua, com a assistência das meninas”, revela Carlos (nome fictício), de 37 anos, algo envergonhado, ao mesmo tempo que cruza o olhar com as técnicas do projeto UmaVida do Centro Social de Paramos. É através deste serviço e do apoio prestado pelas técnicas Alexandra Romão e Susana Monteiro que Carlos assume conseguir lidar de uma forma mais fácil com a sua condição de vida, que considera inesperada.

O apoio é prestado todas as semanas. Às segundas e quartas-feiras, depois das 19 horas, a carrinha do Centro Social de Paramos estaciona perto do salão paroquial de Espinho, na Rua 29, e, aos poucos, várias pessoas vão chegando. Carlos é uma delas. Aproxima-se da carrinha e rapidamente se nota, pelo tom conversador, que ali se sente confortável.

Para todos os que, em Espinho, vivem em situação de sem-abrigo e procuram apoio naquela carrinha, é-lhes oferecido um pequeno lanche. Uma chávena de café quente é acompanhada pelo pão que muitos recebem ansiosamente. Mas, para muitos, o café pouco importa. Preferem os minutos de conversa, a atenção dispensada ou o sentimento de preocupação que lhe veem dedicado. Ali sentem-se amparados. “As meninas dão-me muita assistência, telefonam-me todos os dias e ajudam sempre naquilo que podem. Tê-las é um apoio muito importante, quer para as pessoas que já estão nesta situação há muito tempo, quer para aquelas que, assim como eu, estão a viver esta realidade há poucos meses”, confidencia Carlos.

Reportagem disponível, na íntegra, na edição de 14 de abril de 2022. Assine o jornal que lhe mostra Espinho por dentro.