O puzzle representa a complexidade do autismo, enquanto que as várias cores representam a diversidade de pessoas e famílias que convivem com o diagnóstico.

A 2 de abril celebrou-se o Dia Mundial da Consciencialização do Autismo, data criada pela Organização das Nações Unidas a 18 de dezembro de 2007, para espalhar conhecimento e minimizar estigmas associados a esta condição.

Mas o Espectro do Autismo é muito alargado e também ainda muito desconhecido, dificultando diagnósticos, principalmente na população adulta, e, consequentemente, o correto acompanhamento por parte de famílias e amigos.

“O papel deste mês centra-se principalmente em desmistificar conceitos errados e que estão tão profundamente enraizados”. Quem o diz é uma espinhense diagnosticada com autismo, que prefere manter o anonimato. Para ela, é “sem dúvida importante consciencializar o público em geral para o assunto, partilhar informação correta e destruir preconceitos”. “A aceitação é indissociável da consciencialização coletiva”, acrescenta.

No mês em que muitas instituições e pessoas se associam à causa da consciencialização do autismo, é importante alertar para a errada associação da cor azul, imensamente difundida por quem se junta a esta iniciativa. “Associa-se o azul erradamente ao autismo, por tradicionalmente se associar ao masculino”, começa por explicar a espinhense. “Durante muitos anos, acreditou-se que era uma condição exclusiva de rapazes, e até hoje grande parte dos estudos que se conhecem são feitos em indivíduos do sexo masculino”, adiciona.

Globalmente, a Perturbação do Espectro do Autismo (PEA) é três vezes mais frequente no sexo masculino, mas é importante relembrar que “ele existe no feminino”. “No sexo feminino é significativamente mais difícil de diagnosticar, particularmente devido ao mascaramento das características típicas”, considera a jovem.

Susana Pinheiro, psicóloga especialista em Psicologia Clínica e em Necessidades Educativas Especiais, na clínica PSIANIMA, em Espinho, explica que “o diagnóstico deverá ser feito por especialistas habilitados, habitualmente em equipa multidisciplinar, através de uma avaliação clínica”. “As manifestações desta perturbação variam muito dependendo da gravidade da condição autista, do nível de desenvolvimento e da idade – daí a utilização da expressão ‘espectro’ autista. Mas as suas características tornam-se evidentes e costumam ser reconhecidas na primeira infância.”

Artigo disponível, na íntegra, na edição de 21 de abril de 2022. Assine o jornal que lhe mostra Espinho por dentro.