Valença, ex-jogador do SC Espinho: “Espero que o meu futuro seja ser treinador de futebol”

Valença Ex-jogador do SC Espinho. Atualmente é treinador da formação do SC Espinho. Fotografia: Francisco Azevedo/DE

Lindomar Moniz dos Santos é conhecido no futebol por Valença, apelido que vem da terra onde nasceu, na Bahia (Brasil). Primo de Liedson, que se notabilizou no Sporting CP, Valença chegou ao SC Espinho pela mão de Vítor Pereira e por cá terminou a carreira de futebolista, escolhendo a cidade para viver. Atualmente, com 47 anos, é um dos treinadores da formação dos tigres.

A boa-disposição vem do Brasil?

Os baianos estão sempre felizes, apesar das grandes dificuldades que passam no Brasil. É um povo cujo espírito é de superação e resiliência. O mais importante é aquilo que se vive hoje e, por isso, preocupam-se em passar a energia positiva para todos os que estão ao lado. São os valores que passam de pais para filhos.

Por que razão o chamam de Valença?

Na altura, havia um grande jogador que jogava no Atlético Mineiro que se chamava Jorge Valença e que tinha começado a jogar no Galícia Esport Clube da Bahia, onde eu também comecei a jogar futebol, aos 13 anos. Essa era uma equipa de espanhóis. Eles diziam que eu fazia lembrar o Jorge Valença, com a garra, a força e a alegria. Começaram a chamar-me Valencinha. Fui crescendo e o nome Valença foi ficando.

No Brasil há uma mística e as pessoas dizem que, às vezes, o nome tem influência no sucesso de uma carreira. Chamo-me Lindomar e um treinador disse-me que esse nome no futebol não iria vingar. Mudei o meu nome para Valença e acabei por ter uma boa carreira no futebol.

Quando começou a jogar à bola?

Na zona onde vivia havia um torneio interseleções, com as equipas das várias ilhas a selecionarem os seus melhores jogadores. Na altura, era muito novo e, numa dessas seleções, um dos melhores jogadores bebeu demais e não foi ao jogo. Um colega, que era capitão de equipa, disse ao treinador para ir a casa do Lindomar buscá-lo. O treinador hesitou porque eu era muito novinho. Mas, mesmo assim, arriscou e fomos jogar contra a segunda seleção da cidade de Valença. Fui o melhor em campo e ganhei um leitão assado. Esse treinador ligou para Salvador, para um amigo, e fui fazer um teste ao Vitória da Bahia. O clube viu que tinha talento e emprestou-me ao Galícia, onde comecei a jogar.

Antes disso jogava futebol na rua?

No Brasil é mesmo assim. Joga-se na rua, na favela. Colocam-se duas pedras para servirem de baliza e joga-se um contra um ou dois contra dois. A habilidade, a força e a vontade vêm daí. Não havia faltas. A única falta que se marcava era quando se jogava a bola com a mão.

Foi no Galícia que começou a sua vida de jogador profissional de futebol e onde teve contacto com alguns jogadores importantes…

Foi lá que joguei com alguns colegas que até foram campeões brasileiros como Gláucio (Santos), Jefferson (Botafogo), etc.. Era um menino junto deles e era aquele que ia buscar o café para eles.

É primo de Liedson, o ‘Levezinho’!…

Começaram a falar mais em mim quando o Liedson veio para o Sporting CP. Descobriram que éramos primos. O pai dele é irmão da minha mãe. Já tivemos algumas guerras dentro de campo. O Liedson não gosta de perder. Eu era um jogador que dava muita pancada, como médio defensivo. Uma vez, numa semifinal de um campeonato, em Valença, quando ele jogava por um clube do seu bairro, estávamos empatados e fui expulso porque dei-lhe uma pancada forte. Saímos do campeonato com um golo marcado por ele, de cabeça. Ultimamente, devido à pandemia, não nos temos encontrado, mas sempre que ia a Valença encontrava-me com ele. O Liedson conta imensas histórias, do Sporting, Corinthians, Flamengo e do Curitiba.

Entrevista completa na edição de 28 de julho de 2022. Assine o jornal que lhe mostra Espinho por dentro por apenas 32,5€.