Adelaide não é só uma Caralinda no mundo do fado e lançou um CD aos 95 anos

Foto: Isabel Faustino

Não era propriamente um sonho mas foi um projeto que a ajudou a reviver outros tempos e ajudam a eternizar a sua voz. Aos 95 anos, a fadista Adelaide Caralinda lançou o seu primeiro CD e já teve de pedir para fazerem mais pois foram todos vendidos. Com uma carreira de 65 anos, a sua voz é icónica e ainda se ouve, ao vivo, em alguns espaços da cidade.

Na noite em que comemorou 95 anos, a fadista espinhense Adelaide Caralinda, lançou o seu primeiro CD intitulado Espinho Vivo onde reúne 14 temas, incluindo o que dá o nome à capa do trabalho e cuja letra é da sua autoria.

“Gravei o CD numa tarde”, conta, referindo ainda que foi grava-lo por iniciativa de uma sua amiga, Eulália Lopes.

Para o lançamento do seu primeiro trabalho, Adelaide pôs-se ao caminho e foi falar com a vereadora Leonor Lêdo da Fonseca para que o álbum pudesse ser apresentado no dia do seu aniversário.

“Acho que este CD até saiu muito bem”, diz Adelaide Caralinda que já leva uma carreira a cantar o fado há 65 anos, desde os seus 30 anos de idade, altura em que partiu para Angola.

“Comecei a cantar em Angola e, desde então, nunca mais parei” revelou mostrando ainda ter uma boa memória não obstante os seus 95 anos. “Os meus amigos sempre me incentivaram a cantar o fado nessa província ultramarina e cheguei a percorrer várias cidades como Luanda, Nova Lisboa, Sá da Bandeira, Lobito, etc.. Cantei para os militares portugueses que lá estavam “, recorda Caralinda.

Mais tarde, a fadista regressou à sua terra natal, Espinho, onde formou o Grupo de Guitarras da Costa Verde. “O Tino faleceu e acabámos por nos dispersar”, recorda com tristeza a fadista. “Apesar de tudo, nunca deixei de cantar o fado, nem agora com 95 anos”, refere com orgulho. “Tenho ido cantar ao restaurante Meireles, Casa da Mãe Joana e recentemente fui à Foz, ao Porto, cantar para uns ricaços”, dá nota Adelaide.

Foram mais de seis décadas sem qualquer registo discográfico da voz e das músicas, mas a espinhense também nunca mostrou grande interesse em eternizar isso. A sua paixão é, efetivamente, as casas de fados e o cantar ao vivo, com uma voz que até foi reconhecida por Amália Rodrigues, símbolo do fado que venera.

Artigo completo na edição de 16 de fevereiro de 2023. Assine o jornal que lhe mostra Espinho por dentro por apenas 32,5€.