As duas avaliações da qualidade da água da ribeira feitas em 2022 apontam para uma má qualidade. Fotografia: Sara Ferreira/DE

Miguel Santos inscreveu-se num projeto ibérico de monitorização de linhas de água e faz a avaliação da ribeira de Rio Maior. Os primeiros resultados revelam que o curso que atravessa a freguesia de Paramos continua a ser massacrado por descargas industriais.

A má qualidade da água da ribeira é um problema já conhecido por Miguel Santos, biólogo que inscreveu a linha de água no ‘Projeto Rios’ da Associação Portuguesa de Educação Ambiental (ASPEA). “Desde o último ano fizemos duas monitorizações e, para já, tudo aponta para a fraca qualidade ambiental da ribeira”, refere o ambientalista.

Apesar de hoje estar a viver em Vila do Conde, Miguel Santos mantém a ligação ao concelho de Espinho através deste projeto na ribeira de Rio Maior. “Há cerca de 20 anos que tenho estado ligado a alguns projetos ambientais, sempre de forma voluntária”, afirma acrescentando que após ter conhecimento do Projeto Rios, decidiu informar-se melhor e descobriu que já existia um grupo em Espinho, que monitorizava a ribeira do Mocho. Por essa razão, escolheu um troço de 200 metros da ribeira de Rio Maior, que tem no Castro de Ovil o seu ponto central. “Foi uma forma de colocar a família a participar em atividades de sensibilização para as temáticas ambientais”, diz.

No último ano, Miguel Santos realizou duas monitorizações da qualidade da água, uma na primavera e outra no outono. Na primeira avaliação, feita apenas em família, os resultados não foram animadores. “Levantamos rochas para procurar organismos e depois fizemos uma avaliação com as fichas dicotómicas que vêm com o kit fornecido pela ASPEA”, relata o ambientalista, acrescentado que envia os resultados para a associação colocar na sua base de dados sobre os rios portugueses.

Ao longo da ação de limpeza, Miguel Santos diz ter encontrado na ribeira bastantes “microplásticos”, assim como “fitas de obras, inclusive públicas, pneus, câmara de ar de camião, baldes, roupas”. Sobre a qualidade da água, refere que na segunda monitorização houve “muita dificuldade em encontrar uma grande biodiversidade de organismos, por isso a água foi considerada de má qualidade”, um registo que “piorou em relação à primeira avaliação”.

Reportagem disponível, na íntegra, na edição de 16 de março de 2023. Assine o jornal que lhe mostra Espinho por dentro por apenas 32,5€.