(Fotografia: DR)

Arcelina Santiago lançou, este mês, o conto infantil O galo Jeremias e a galinha Mariazinha. Apesar da história ter nascido há vários anos, a escritora apenas agora a publicou em livro. O sucesso entre as crianças foi a principal motivação.

Em que consiste o livro O Galo Jeremias e a Galinha Mariazinha?

Trata-se de um conto infantil simples, onde o imaginário está ao serviço dos valores, da aprendizagem e do saber. Achei interessante dar ênfase ao momento do nascimento do pintainho, desconhecido por muitas crianças, que ignoram a origem dos ovos e a forma como nascem os pintainhos. Poderia chamar-lhe, tal como Gracinda Sousa, escritora e apresentadora do livro referiu no lançamento como “um livro de afetos em que através da personificação dos animais se apela à reflexão sobre os quotidianos das pessoas”.

Como surgiu a ideia de escrever este livro?

Esta história foi inventada por mim há muitos anos, tal como tantas outras. Foi dramatizada através de figuras que fui arranjando: uma encantadora galinha em madeira, um galo enorme em latão, um gato de lã, cinzento e olho verde. Apresentei-o, pela primeira vez, no infantário da minha neta Margarida. Fui logo convidada para a replicar em todas as outras turmas. Os meninos chamavam-me a avó Bé. Depois, seguiram-se algumas turmas da escola de Silvalde e em casa de amigas, em festas para a pequenada. Entretanto, oito anos passaram e eis que volto à escolinha da minha neta Leonor. As crianças ficaram, tal como anos antes, encantados, o que me deu força para avançar e que vários amigos me vinham dizendo, há muitos anos: pública em forma de livro infantil. E assim aconteceu este ano, graças também ao convite e desafio da Editora Novembro, através da diretora Avelina Ferraz.

Quais são os objetivos com este trabalho?

O objetivo deste projeto foi dar corpo, através de uma estória simples, ao ambiente rural e da vida animal, mas sempre com a intenção de transmissão de valores. Através dos livros, as crianças podem analisar atitudes e comportamentos e viver sentimentos que, nunca antes sentiram e que passam a fazer parte da sua vida. Rúben Alves, escritor e pedagogo dizia que a aprendizagem da tristeza, não sentida na realidade, mas através de personagens de histórias, faz criar nelas o sentimento de empatia. Por exemplo, a minha filha chorava ao ver episódios da Heidi quando ela lembrava com tristeza a perda da sua mãe. Apesar de não viver essa situação, vivi-a sentindo empatia pela menina órfã. Esta é uma forma de aprendizagem: sentir a tristeza, a alegria a compaixão e outras emoções através das histórias.

Entrevista disponível, na íntegra, na edição de 29 Junho de 2023. Assine o jornal que lhe mostra Espinho por dentro por apenas 32,5€