Aos 34 anos, Tiago Rachão prepara-se para mais uma época como timoneiro do clube do seu coração, o SC Espinho. Depois das dificuldades enfrentadas na última temporada, o jovem treinador não tem medo de ser ambicioso relativamente às aspirações dos tigres.
Quais são as ambições para a nova época?
Queremos entrar nos oito primeiros lugares. É um incremento de ambição em relação ao ano passado, que foi o chamado ‘ano zero’. Achamos que este ano temos condições para poder dar esse passo. Vamos trabalhar para isso e depois pensar na segunda fase.
Sente que a posição do ano passado era previsível, dada a remodelação que houve?
Sim. No último ano transitou apenas um atleta dos 12 que tínhamos na época anterior. Tivemos de construir uma equipa nova com um orçamento bastante curto, além de ter entrado uma nova direção para a secção. Tudo isto obrigou-nos a baixar expectativas e a reconstruir a secção do voleibol. Era algo necessário, porque o clube viveu alguns anos acima das suas possibilidades. Foi preciso baixar a capacidade financeira e quando assim é a desportiva também reduz. De qualquer forma, dentro do grupo tentámos sempre passar o pensamento que o objetivo seria chegar aos oito primeiros, mas a profundidade do plantel não nos permitiu isso. Este ano tivemos de pensar de outra maneira. Partindo do princípio que temos uma base consolidada que vem da época passada, penso que temos condições para pensar noutros objetivos.
Sente que os adeptos compreenderam a performance da equipa no último ano, tendo em conta as circunstâncias?
Mesmo para mim enquanto treinador, adepto e sócio do clube, admito que não é fácil. Quando perdemos, perde a equipa, o clube, mas também perco eu enquanto adepto e perdem os meus amigos familiares.
De qualquer maneira, aquilo que senti foi uma adesão enorme dos adeptos, comparativamente com outros anos. Tivemos casas muito bem compostas e muito apoio fora de casa. Logicamente, um adepto do SC Espinho, no voleibol, quer ganhar sempre, mas acho que a mensagem foi bem passada para fora, tentamos manter toda a gente com os pés no chão. Os adeptos apoiaram sempre e ajudaram a que as coisas chegassem a bom porto no final da época.
É fácil ser treinador e adepto?
Agora é mais fácil. Fui criado no clube como jogador e treinador. Passei por todos os escalões como treinador e até pela equipa sénior feminina. Já fui parte da equipa de scouting, treinador-adjunto e agora sou treinador principal. Nunca foi tão difícil como o ano passado para separar as emoções, porque cobrei muito de mim quando perdíamos e perdemos muitas vezes, mas felizmente ganhámos mais do que perdemos. Posso dizer que não foi fácil, numa fase inicial, mas o tempo vai passando e vamos conseguindo abstrairmo-nos mais dessa realidade e focar mais no trabalho. Continuo a ser adepto do clube nas outras modalidades, mas no caso do voleibol, tenho de encarar como o meu trabalho.
Artigo disponível, na íntegra, na edição de 31 de agosto de 2023. Assine o jornal que lhe mostra Espinho por dentro por apenas 32,5€