O IUC é um imposto anual calculado com base na categoria do veículo (Fotografia: Sara Ferreira)

Preocupados com o impacto que o agravamento do IUC poderá ter no ramo automóvel, proprietários de stands em Espinho lamentam também a situação difícil em que deverão ficar várias famílias. Defendem que medida é “injusta” e “insustentável” e não acreditam que levará os condutores a trocarem viaturas por modelos mais recentes.

“Vendi um carro e a primeira pergunta que o senhor me fez, quando o veio ver, foi qual seria o imposto dele para o ano”, revela Hugo Silva, proprietário do stand Race Car Low Cost, localizado em Anta, relativamente ao aumento do valor anual do IUC (Imposto Único de Circulação) para motociclos e veículos ligeiros com matrícula anterior a 30 de junho de 2007.

A medida, anunciada pelo Governo há algumas semanas, continua a gerar polémica e a deixar muitos condutores inquietos. No entanto, a preocupação estende-se, de igual forma, ao setor automóvel. O stand de Hugo Silva está voltado para uma gama de mercado mais baixa, vende veículos ligeiros a baixo custo e tem como principais clientes os condutores com pouca capacidade financeira. Ou seja, a franja da população que deverá ser a mais afetada com esta medida que o Governo de António Costa quer implementar e que irá abranger cerca de três milhões e meio de viaturas, entre carros e motas.

Hugo não esconde que “este tipo de carros mais antigos sempre se vendeu muito bem”, parecendo várias vezes “que se estava a vender pães”, chegando a fazer negócio, em média, com dois ou três veículos por dia. Apesar do fluxo de trabalho continuar alto, o proprietário do Race Car Low Cost assume que, após o surgimento desta medida, se instalou a preocupação.

“Quando se começou a falar foi horrível. Fiquei assutado porque num dia normal de trabalho, recebo mais de 100 mensagens para responder e depois de isso ser falado tive dias em que recebi apenas duas ou três mensagens e zero telefonemas. Foi um choque brutal, embora acredito que o mau tempo que se fez sentir naqueles dias também possa ter influenciado”, explica Hugo Silva, caracterizando esta situação como “insustentável”, já que o aumento de 25 euros, valor máximo para o agravamento em 2024, “vai fazer mossa a muita gente”.

Apesar de estar inserido num mercado um pouco diferente, apostando na venda de carros mais recentes e, em consequência com um custo mais elevado, Jaime Gomes, proprietário do Espaço Auto, na rua 19, não deixa de se preocupar com a situação, caracterizando a subida do IUC como “uma medida injusta”, fazendo parecer que “há portugueses de primeira e de segunda”.

Reportagem disponível, na íntegra, na edição de 9 de novembro de 2023. Assine o jornal que lhe mostra Espinho por dentro por apenas 32,5€