Feira da revenda realiza-se todas as sextas-feiras no horário da manhã (Fotografia: Sara Ferreira)

Sem comparação com os tempos do passado, a feira da revenda já não é fonte de alegria nem de vendas para muitos feirantes. Quem vem de longe tem tendência em desistir e os de perto lutam para continuar, mas assumem dificuldades. Falta de condições é uma das principais críticas e autarquia admite já ter aberto processo de estudo.

A manhã é cinzenta, não há sol e a chuva ameaça cair a qualquer altura. Por entre os automóveis estacionados, surgem, a passo apressado, vários clientes que procuram na feira da revenda os produtos que necessitam para vender nas suas lojas. Ao longe, já se vislumbram as tendas montadas, os feirantes prontos para a manhã de trabalho, mas rapidamente se repara também que o recinto está, no mínimo, despido.

Com anos de tradição em Espinho, a feira da revenda, realizada todas as sextas-feiras na área a sul do recinto da feira semanal, continua a fazer-se, mas sem o brilho do passado. Muitos poderão dizer que o mau tempo que se fez sentir durante várias semanas afugentou a clientela e até os feirantes, mas a realidade que a Defesa de Espinho encontrou na manhã da passada sexta-feira, 17 de novembro, dita o oposto.

À entrada do recinto, atrás da sua banca de calçado, José Rodrigues repara em quem passa. Nas mãos, segura umas botas que rapidamente larga para nos explicar que “atualmente a feira está muito má”. José faz disto vida há 34 anos, já passou por muitas fases da feira da revenda, mas não esconde que hoje em dia “não se pode comparar”.

“Vende-se muito pouco. Já não é como antigamente, nem de longe nem de perto”, refere o feirante, afirmando que agora “as pessoas compram muito menos” e são também “cada vez menos as que aparecem”, pois “como elas vendem menos também compram menos, já que isto é uma roda”.

A feira da revenda destina-se à venda de artigos, de diversas especificidades, para lojistas. Ou seja, na teoria, só pode comprar nesta feira espinhense quem está coletado e tem o objetivo de comprar para, depois, voltar a vender. No entanto, na prática, a realidade é um pouco diferente.

Natural de Santa Maria da Feira, Paulo Costa vem todas as sextas-feiras a Espinho para trabalhar. É feirante e vende na cidade há 30 anos, mas, à semelhança do colega José Rodrigues, garante que “hoje em dia, o negócio, como revenda, está mau”.

Aliado à dificuldade em vender, o feirante não hesita em afirmar que o espaço onde se realiza a feira não ajuda. “Temos condições muito más, o espaço não é o melhor, devíamos ter tomadas para ligar a luz e para poder ter o computador. Hoje em dia isso existe em todas as revendas que faço, menos em Espinho”, lamenta.

Reportagem disponível, na íntegra, na edição de 23 de novembro de 2023. Assine o jornal que lhe mostra Espinho por dentro por apenas 32,5€