Continuamos a nossa viagem ‘Nas Margens de Espinho’ pela ribeira de Silvalde. O lixo continua a ser um problema grave, a que se soma a dispersão de plantas invasoras, como os eucaliptos, as austrálias e, mais recentemente, o fenómeno das ervas-das-pampas. Autarquia diz que o curso de água é um património por explorar.

Na segunda viagem pelas linhas de água do concelho, partimos da ribeira da Gaiteira, um curso proveniente de Nogueira da Regedoura e que desagua na ribeira de Silvalde. Na rua do Cruzeiro, junto ao lugar dos Altos-Céus, podemos ver alguns esforços na valorização das margens, como a plantação de árvores e a colocação de vasos na passagem superior. Mas na zona há locais com problemas poluição, nomeadamente na rua Tapadas da Gaiteira, um caminho em terra que liga Esmojães a São Paio de Oleiros e onde se pode ver um aviso do Município de Espinho a alertar para a proibição de depósito de lixo e consequente pagamento de coimas.

Seguimos rumo ao lugar da Aldeia Nova e percebemos que um dos problemas da ribeira da Gaiteira é a intensa vegetação existente, que impede a aproximação em grande parte dos terrenos. A água, aparentemente limpa, traz também um cheiro nauseabundo junto às margens. Mais à frente, e após a confluência com a ribeira de Silvalde no lugar do Peso, verificam-se os primeiros focos de poluição, especialmente nos trilhos próximos à A29. Já do lado de Silvalde, uma placa de sinalização da junta de freguesia não impede que se avistem sofás, máscaras, materiais de construção, placas com amianto, pneus, solas de sapatos, louças de casa de banho, vidros ou cabos elétricos.

No lugar do Gavião, em Esmojães, o problema intensifica-se. No lado nascente (da autoestrada) existe uma lixeira concentrada, sendo que a poente o lixo encontra-se mais espalhado pelas bermas, algo que se repete também à entrada da rua do Rotão e ao longo da rua principal, com vários plásticos nas valetas até à fonte do Pereiro, um local muito frequentado por populares.

Vegetação invasora espalha-se exponencialmente

Continuamos a viagem pela ribeira de Silvalde. A transição entre as freguesias de Anta e Silvalde é marcada pela vegetação invasora, que dificulta a aproximação às margens da linha de água. Ao ponto de, no local em que os mais antigos dizem que existira o moinho de consortes do Gavião, pouco mais se consegue ver além de silvas e austrálias.

Ao entrar em território silvaldense percebemos que o problema com o lixo continua, principalmente até ao lugar do Calvário, onde se encontra bastante cascalho, um estaleiro abandonado, sofás, roupa, lixo doméstico, entre outros resíduos. Numa zona húmida junto à ribeira, com bastante lixo depositado, percebemos inclusive que a cor da água é avermelhada.

Seguimos pelos trilhos que nos levam até ao perímetro do Parque da Cidade de Espinho, uma vez mais com muita vegetação selvagem e o domínio das espécies invasoras, nomeadamente acácias (austrálias), eucaliptos e ervas-das-pampas. Numa zona conhecida como pinhal, o termo já não faz justiça, pois os pinheiros-bravos são cada vez menos.

O Centro PINUS, associação de defesa da floresta de pinho, contactado pela Defesa, destaca a importância do pinheiro-bravo na “proteção e atenuação dos efeitos do mar sobre as culturas agrícolas e povoações costeiras”. A espécie, com história no concelho, é considerada autóctone, mas tem sofrido com a grande dispersão de invasoras no território.

Para alterar isso, o Centro PINUS diz que é necessário que “a sociedade valorize a floresta e dificilmente valorizamos o que não conhecemos”, pelo que defende uma maior divulgação da problemática florestal e da necessidade de “incentivar o investimento público”, que atualmente considera “insuficiente”.

Continuamos a viagem rumo ao mar. Aproximarmo-nos da Ribeira de Silvalde é tarefa árdua, nomeadamente na mítica zona da Bicha das Sete Cabeças, onde agora a maior dor de cabeça não é um “bicho”, mas sim as ervas-das-pampas que tomaram conta da paisagem. O lixo nas bermas também é um problema, principalmente nos locais mais recônditos, como a viela do Figueiredo ou a rua de Sales de Cima.

Passamos junto às escadinhas da Relva, onde ainda vemos campos agrícolas cultivados junto à ribeira. No entanto, são vários os pequenos plásticos encontrados no leito da linha de água. Entramos numa zona mais urbana, em passamos a linha do Vouga e a linha do Norte antes de chegarmos à Marinha.

Encontramo-nos agora na foz da ribeira de Silvalde, junto a um pequeno parque público. Falamos sobre os vários problemas que encontramos ao longo do percurso com o presidente da Junta, José Teixeira, que diz estar de “mãos e pés atados” no que concerne a ações mais musculadas na linha de água.

Reportagem disponível, na íntegra, na edição de 9 de março de 2023. Assine o jornal que lhe mostra Espinho por dentro por apenas 35,2€.