Ricardo Alvar é um dos responsáveis pelo apuramento academista para a fase de apuramento de campeão. (Foto: Isabel Faustino)

Seguiu as pisadas dos irmãos e experimentou o voleibol na AA Espinho. Transitou depois para o rival SC Espinho, mas acabou por voltar aos mochos. Ricardo Alvar assume um carinho especial pelos academistas onde foi um dos obreiros pelo apuramento épico conquistado no fim de semana passado.

A AA Espinho esteve com um pé e meio de fora da fase de apuramento de campeão, mas acabou por conseguir. Qual a sensação de ter alcançado o objetivo?

Partimos para o jogo com o Vitória, não com um sentimento de derrota, mas, praticamente, de objetivo não cumprido, porque o SC Espinho tinha que ganhar ao Ala Nun´Álvares e, à priori, era capaz de o fazer. O jogo deles foi antes do nosso, e não sabíamos do resultado antes de jogarmos. Jogamos com o Vitória sem pressão, tranquilos, e correu bem.

Ganhámos e foi a cereja no topo do bolo. Saber que o Ala Nun´Álvares tinha vencido o SC Espinho fez-nos acreditar que tudo era possível. De qualquer modo, é claro que foi uma semana muito difícil, com noites mal dormidas. Tivemos de esperar até ao
último ponto.

Ninguém teve curiosidade em ver o resultado do SC Espinho antes de jogar com o Vitória SC?

Não tínhamos qualquer intenção de saber pois isso iria acrescentar nervosismo e pressão extra.

Foram as semanas mais stressantes desde que está no clube?

Sim. Perdemos o jogo contra o SC Espinho de uma maneira muito anormal e sentimos muito essa derrota na semana seguinte. Fomos jogar a Viana e o nosso estado de espírito já estava em baixo. Não foi uma desistência, mas sim um baixar a guarda. De certa forma, até começámos a preparar a próxima fase e a mentalizar-nos porque tínhamos muito trabalho pela frente até ao final do ano.

Não é que agora, que conseguimos o objetivo, vamos deixar de lutar da mesma forma por
mais, mas naquela altura, foi um pouco difícil, e agora, depois de tudo o que passámos, foi um alívio. A palavra certa para descrever a nossa situação é alívio. Demorámos, mas conseguimos.

Jogaram em Guimarães mais descontraídos e acabou por funcionar. Acredita que a equipa vai ter desempenhos melhores na próxima fase do campeonato, por estarem mais aliviados?

Não tenho dúvidas de que agora, nesta fase, vamos, sem dúvida, surpreender muita gente com aquilo que vamos fazer. Vamos querer mais, estabelecer novos objetivos e vamos lutar em todos os jogos para ganhar.

Miguel Maia disse que a AA Espinho ainda era um clube de 2.ª Divisão. Como é que um clube de 2.ª Divisão consegue ficar nos oito primeiros da 1.ª Divisão em três épocas consecutivas?

Não era normal a AA Espinho garantir os oito primeiros. Atualmente, com as condições que temos e com todo o trabalho que se passa por trás, a organização, desde a formação aos seniores, a AA Espinho consegue ser um clube de 1.ª Divisão. Mas são coisas que demoram, é um processo longo, e é bom continuar, pelo terceiro ano seguido, entre os
oito primeiros. Queremos que a AA Espinho seja isso, que queira lutar e estar sempre entre os melhores.

Se uma equipa que está neste processo de crescimento consegue atingir estes objetivos, o que poderá atingir quando estiver estabilizada?

A AA Espinho é um clube que tem muita margem de progressão. A mentalidade em volta do clube também está a começar a mudar e a crescer. Acho que é uma questão de mentalidade, mas também temos grandes clubes e grandes investimentos no nosso campeonato. Será muito difícil a AA Espinho estar à altura do Sporting CP, SL Benfica ou Fonte Bastardo, mas, em relação aos outros clubes, acredito seriamente que a Académica consiga atingir esse patamar.

O investimento é muito grande, mas os resultados têm que aparecer aos poucos. É um processo lento. Temos uma formação cada vez maior e mais forte e o futuro passa por aí.

É um processo lento, mas que tem garantido resultados rápidos. Isto pode inflacionar as vossas expectativas ou a dos adeptos?

Acho que, em relação aos jogadores que contratamos e à época que foi planeada, os adeptos até acreditavam que o acesso aos oito primeiros, por exemplo, fosse mais rápido. Mas lá está, tudo isso vem ao longo destes anos a ser construído.

Não é algo que aconteça de um dia para o outro. A equipa é nova, estamos a começar a conhecer-nos todos e a ligação a começar a fluir. É um processo lento, por isso acredito que na próxima fase as coisas estejam melhores.

Há equipas que já têm uma base sólida há muito tempo, e cada um tem o seu método para manter uma base coesa e conseguir manter isso ao longo do tempo.

Artigo completo na edição de 14 de dezembro de 2023. Assine o jornal que lhe mostra Espinho por dentro por apenas 32,5€.