Gerente da Aipal criou a associação Viver Espinho, mas hoje está inativa após a sua saída (Fotografia: Sara Ferreira)

José Nunes da Silva, de 67 anos, é o principal rosto da Aipal. No entanto, o comerciante de Espinho tem um passado muito abrangente. Com uma carreira militar de 34 anos, o major, como é popularmente conhecido, foi um dos fundadores da JSD e da associação Viver Espinho, hoje inativa.

Que memórias tem de Espinho na sua infância?

Vivi inicialmente na rua 25 com a 12 e depois na 25 em frente ao Mercado Municipal. A minha mãe era do Porto e o meu pai tinha nascido no Brasil, porque os meus avós tinham emigrado. Andei dois anos na Escola da Tourada e também andei no Colégio S. Luís. Foi uma infância feliz. Na altura não se brincava com PlayStation, mas sim na rua. A rua era o recreio das casas, as cargas escolares também eram muito inferiores e, por isso, as crianças tinham tempo para brincar.

Teve oportunidade de frequentar algum desporto?

Fiz parte da Associação Académica de Espinho, pratiquei um pouco de ginástica, mas, acima de tudo, foi a natação que mais gostei, ainda pela Mocidade Portuguesa, com o falecido professor Marques. No verão íamos para a piscina às 9 horas, com água geladinha no corpo e que fazia muito bem. Não pratiquei nenhum dos desportos habituais e típicos de Espinho como o voleibol.

Desde cedo que se interessou pela política e fez parte da Juventude Social Democrata. O que o levou a participar?

Inscrevi-me no antigo PPD, em agosto de 1974. Já antes do 25 de abril me interessava por política. Lembro-me de ter 15 anos e de perguntar ao meu pai sobre quem tinha matado Humberto Delgado e ele respondia-me sempre a dizer que não se podia falar disso. Recordo- me também que no antigo sétimo ano existia uma disciplina que se chamava Organização Política e Administrativa da Nação que abordava o estudo da constituição de 1933 e que sustentava o regime anterior. Havia um artigo que dizia que havia liberdade de expressão e reunião. Então, eu questionava a professora sobre isso, querendo saber onde se podia reunir, mas ela ficava muito embaraçada.

Entrevista disponível, na íntegra, na edição de 18 de janeiro de 2024. Assine o jornal que lhe mostra Espinho por dentro por apenas 32,5€