Aos 22 anos, Miguel Borges agarra a titularidade da baliza do SC Espinho, tal como as bolas perdidas na área. O jovem atleta quer ajudar o clube da sua terra a regressar a divisões superiores e para isso promete tapar todos os caminhos para a baliza.
Começou a formação no ADF Anta/Baixinhos. Sempre foi guarda-redes?
Não, comecei como jogador de campo. Como tinha partido o braço, o médico recomendou que
não fosse à baliza. Penso que foi essa proibição que me deu esse gosto de ficar entre os postes.
Já tinha pensado em jogar nessa posição?
Não era algo que estivesse no meu pensamento, mas quando experimentei gostei da posição e nunca mais saí.
Tinha algum ídolo?
Em termos de guarda-redes, sempre gostei do Iker Casillas. Acaba por ser a minha referência.
Os bons reflexos, a comunicação e a liderança que demonstrou ao ser capitão da seleção espanhola e do Real Madrid são traços que o destacam.
Possui alguma dessas características?
Acho que muitas das coisas que faço em campo vêm dele, mas também na inspiração de outros guarda-redes. A posição está a evoluir muito, o jogo de pés é muito importante. É um aspeto que fui adquirindo, talvez por ter começado a jogar à frente, acabei por ter aptidão para jogar com os pés. É uma situação em que me sinto confortável.
Como vê a aposta que o treinador João Ferreira fez em si no início de época?
Já tinha trabalhado com o míster no meu primeiro ano de sénior, em 2020-2021. Na altura, como agora, ajudou-me muito e deu-me indicações de onde podia melhorar. A titularidade acaba por surgir de forma natural, sustentada em muito trabalho e dedicação, como
é óbvio. Foi uma relação que se desenvolveu e que tem corrido bem.
Nesse primeiro ano de sénior fez algum jogo?
Não, apenas fui convocado para dois ou três jogos.
Como foi a estreia com o SC Espinho?
Estreei-me com o SC Espinho quando ainda estava no Campeonato de Portugal. Nessa altura, o guarda-redes titular aleijou-se e tive de entrar a meio da segunda parte, contra o União de Coimbra. Foi uma emoção diferente, treinamos tanto para esse momento e a nossa posição é tão complicada para o suplente entrar, porque um guarda-redes só entra se o outro tiver sido expulso ou se se tiver lesionado.
Senti um nervoso miudinho, mas, quando se entra em campo, aquilo que é treinado acaba por surgir naturalmente e o jogo corre bem. Para isso acontecer, contei com a ajuda dos meus colegas, que sabiam que era o meu primeiro jogo e deram as mãos para me ajudar ao máximo.
Entrar a meio do jogo não causa ainda mais ansiedade, principalmente num guarda-redes que se vai estrear?
Claro que sim. Na altura, ganhámos 2-0, mas a equipa adversária, quando viu um guarda-redes mais novo a entrar, pensa logo que será mais fácil marcar. Por essa razão, vai carregar no ataque e rematar ainda mais. Nesse momento, o meu objetivo foi não sofrer golos e ajudar a equipa a ganhar. Foi uma pressão adicional.
Acha que os guarda-redes lidam pior com a pressão, por estarem mais vulneráveis ao erro?
Cada um lida da forma que sabe. Tento não pensar muito nisso, focando-me no que tenho a fazer, mas compreendo a pergunta, porque é uma posição em que, se errar, torno o golo em algo iminente. Se um avançado falhar um corte, ainda tem jogadores atrás que possam
corrigir o erro. Se os guarda-redes fizerem isso, ou largar uma bola, há uma grande probabilidade de sofrer.
De qualquer forma, durante um jogo, nunca penso que vou errar, estou sempre confiante nas
minhas capacidades e de que tudo irá correr pelo melhor. Não se pode viver o jogo com essa ansiedade.
Falando da época atual, o objetivo do clube é subir. Esperava ser o titular este ano?
Não vou mentir, queria muito ser titular este ano e as indicações que recebi iam no sentido de que fosse lutar pelo lugar ao máximo e penso que é bom que tenhamos essa competição. É claro que cabe ao míster escolher quem joga.
De qualquer forma, a titularidade é mais uma razão para estar motivado e treinar melhor, dando o máximo para que o clube consiga alcançar os objetivos. Temos uma equipa muito boa, que luta em todos os treinos para cumprir as metas que foram estabelecidas no
início da época.
Sabemos que ainda não estamos no lugar que queríamos, mas vamos fazer tudo para conseguir subir de divisão.
O SC Espinho acaba por fazer uma 1.ª volta regular, estando a 5 pontos da liderança. Que análise faz ao desempenho do clube?
Acho que foi muito positiva. As últimas épocas foram um bocado tremidas e queríamos abordar a atual com uma cara lavada, para demonstrar que temos potencial e somos candidatos a entrar nessa luta e vencer.
Artigo completo na edição de 25 de janeiro de 2024. Assine o jornal que lhe mostra Espinho por dentro por apenas 32,5€.