Porque entendo ser necessária uma mudança segura e votar AD

Este ano, fazemos 50 anos do 25 de Abril que permitiu o derrube de um regime miserável, a instalação da democracia e a expectativa de sermos um País Europeu de acordo com as referências Ocidentais. Nessa data de 1974, eu ia fazer 18 anos de idade e, apesar de muitos progressos que houve, nunca pensei estarmos na situação que estamos. Pergunto se seria pensável, por exemplo, a quem era jovem nessa altura e, agora, chamado de idoso, não ter rendimentos suficientes para ligar o aquecimento em casa no Inverno, restringir na alimentação, ou estar numa fila horas de pé para ter acesso a uma consulta médica?

E para quem nasceu nessa época e, agora, na casa dos 45/50 anos de idade, seria expectável não ganhar o suficiente para pagar casa, alimentação, transportes e energia, ou isto passou a ser um luxo? E os filhos destes e netos dos primeiros, ao analisarem o presente e perspetivas de futuro, fazerem como na época que antecedeu o 25 de Abril e emigrarem, porque aqui já não dá?

E o elevador social, em que a tendência seria nivelar pela média e não pelos mínimos? Onde é que anda a pujança da classe média em que, sem ser rico, pretende uma vida digna com direito ao conforto e bons níveis de felicidade?

Chegado a esta idade, já não há paciência para estatísticas, percentagens, gráficos, índices disto e daquilo, analises para todo o gosto e feitio. Eu sei que é das regras que só o que é medido pode ser comparado, mas o melhor barómetro da economia é o bolso das pessoas, ou seja, a diferença entre aquilo que o empregador deposita na conta do trabalhador, ou a pensão de reforma, e o que fica depois de pagar as despesas. O que é que fica? Será que ficou?

Uma vez, em 2014, Luís Montenegro disse que Portugal estava melhor, mas os Portugueses não, e foi gozado por causa disso. O que é que não foi percebido? A frase ficou ainda mais atual do que nunca como tem sido referido. Os indicadores ‘macro’ da economia portuguesa podem estar melhores, mas o bolso dos Portugueses não está. Aliás, o ano passado, o Ministro da Economia e do Mar António Costa Silva em entrevista à TSF, disse exatamente o mesmo.

Se a estabilidade é um valor apreciado e necessário ao progresso da vida das pessoas, que estabilidade garante o Partido Socialista (PS) quando é a terceira vez que primeiros-ministros seus se demitem e, na mais recente, com maioria absoluta? E uma outra terceira vez em que sai do Governo, após deixar o País em falência técnica? Não, o PS não é sinónimo de estabilidade e, muito menos, sinónimo de crescimento económico sustentado que se veja no bolso das pessoas. Praticamente, só houve crescimento económico que se visse nos tempos longínquos dos Governos de Cavaco Silva.

É a altura de se falar das pessoas, do bolso delas, da idoneidade das instituições e de quem as serve, da qualidade dos serviços públicos para que descontam. E menos de andar a falar de milhões, que ninguém percebe. Como disse Durão Barroso, com este crescimento económico, Portugal demorará cerca de 40 anos a atingir a média europeia. É o mesmo que alguém precisar de emagrecer 10 quilos, mas só perde um quilo e meio. Não chega.

Tenho acompanhado há vários anos as questões ligadas à habitação, ao ensino básico, secundário e profissional e o problema de mulheres sozinhas com filhos, com intervenções onde era chamado a opinar. Fui estando atento aos programas do PSD e a intervenções da sociedade civil sobre estas temáticas.

“Como disse Durão
Barroso, com este
crescimento económico,
Portugal demorará cerca
de 40 anos a atingir
a média europeia. É
o mesmo que alguém
precisar de emagrecer 10
quilos, mas só perde um
quilo e meio.”

Em 2023, sai o programa para a habitação, onde pude constatar a qualidade técnica do mesmo, com pendor social-democrata na medida que rejeita que apenas só o mercado e o privado é que resolvem tudo, mas funcional ao prever as condições para que a oferta aumente e faça descer o preço, abordando, também, a má qualidade da construção. Para mim, foi o primeiro sinal de uma nova abordagem a fazer política, com foco na resolução de problemas e com a participação de independentes com reconhecida competência técnica.

Posteriormente, sai o programa para a Educação, cuja apresentação tive oportunidade de assistir. Pensando que ia a um desfile de ideias vagas, ouvi um programa de excecional qualidade com suporte técnico de pessoas de reconhecido mérito e competência nas sociedades científicas, académicas e experiência a nível nacional e europeu.

O programa da Aliança Democrática (AD) tem, na sua página 53, a seguinte afirmação: “Um trabalhador não pode ser pobre!”. Se associarmos a isto, o estado em que se encontra a classe média que foi sempre a base do PPD/PSD, compreendemos que não se pode andar aos solavancos no crescimento económico e achar que isto é assim. Não, não é assim, nem pode sê-lo.

Neste mesmo programa, a AD inclui muitas das propostas que o PSD já previa no passado, como a baixa de impostos sobre as famílias e sobre o investimento, melhor Estado e combate à corrupção, incluindo a criminalização do enriquecimento ilícito como forma de pôr a justificar “quem cabritos vende e cabras não tem”.

Assim como não chega andar a dispersar votos por quem anda revoltado, contribuindo com isso para a continuidade do PS no poder, depois de governar em 22 dos últimos 28 anos. Também não me parece que um anterior Ministro das Infraestruturas e da Habitação, demissionário, que saiu pelas confusões que criou à sua volta e evidenciando falta de maturidade na gestão dos dinheiros públicos, seja uma pessoa capaz para governar.

A AD apresenta candidatos à Assembleia da República oriundos da sociedade civil, de “gente com profissão” como dizia o falecido Medina Carreira, um programa elaborado também por gente de reconhecido mérito profissional, que não precisa da política para nada; e o candidato a primeiro-ministro, Luís Montenegro, de pensamento político ao centro, com toda a maturidade e conhecedor das necessidades das pessoas e do País.

Portugal precisa de melhor sorte, mas a sorte também se faz.

Nunes da Silva
Gestor e militante do PSD