Carlos e Inês Pardilhó têm vivido diferentes conquistas ao serviço da AA Espinho. (Foto: Sara Ferreira)

Há vários casos de pais e filhos que partilham a mesma paixão por uma modalidade desportiva. Em várias ocasiões, acabam por cruzar caminhos, chegando a partilhar o mesmo emblema. Com o Dia do Pai mesmo à porta, a família Ferreira, Pardilhó e Pinto recordam os melhores momentos já vividos e as experiências adquiridas entre eles.

No desporto, tal como em outras áreas da sociedade, pais e filhos cruzam caminhos, seja como elementos da mesma equipa ou até como adversários. A proximidade familiar acaba por encaminhar, em muitos casos, os mais novos a seguir caminhos semelhantes aos dos progenitores e, em Espinho, há vários exemplos disso.

Inês, atleta e filha, e Carlos Pardilhó, treinador e pai, representam a secção de badminton da AA Espinho, sendo que a desportista está a tirar o curso de treinador e a estagiar, para esse efeito, no clube. Por estar a seguir as pisadas e ser atleta há vários anos, Inês também já troca conselhos com o pai, mas Carlos recorda que nem sempre foi assim. “Quando era mais pequena, andava mais com ela, mas, quando fomos para a Académica, havia mais treinadores e tentei separar-me um pouco, para ter outra liberdade e não haver uma relação de pai e filha no clube”, lembra Carlos.

Apesar da intenção do pai, Inês não se sentiu, necessariamente, “mais ou menos livre”, porque ambos sempre souberam adaptar-se em contexto de treino, “nunca havendo grandes problemas” como explica Inês.

Se por um lado, partilhar o percurso desportivo com um familiar pode, eventualmente, amparar as derrotas, por outro, também pode amplificar os momentos de glória. A jovem mocho não tem dúvidas em mencionar o seu primeiro título de campeã nacional como o melhor momento desportivo que viveu junto do pai, em 2015. Os festejos ganharam contornos ainda maiores por todo o contexto que antecedeu o jogo decisivo e não só, uma vez que Inês “já podia ter conquistado o título em anos anteriores e esteve à beira de perder a final, mas acabou por recuperar uma desvantagem de quase 10 pontos. As celebrações foram explosivas”, assume Carlos.

“A minha família não é muito desportista. No entanto, tenho uma frieza que me acompanha, não só no desporto como em outros assuntos, e que tornou possível vencer essa final”, argumenta Inês.

O reverso da medalha é naturalmente mais doloroso e Carlos assume que as derrotas da filha “custam um pouco mais, mas é necessário tentar superar isso como equipa”. Com o objetivo de manter os pés no chão, Carlos sempre refreou os ânimos da filha. “Apesar de encorajá-la sempre, nunca lhe disse que ia ser a melhor, porque desde os nove anos que ganhava os jogos todos e era preciso estar preparada para os momentos de derrota”, assume o pai.

Com um percurso mais extenso, desta feita no hóquei em patins, António Pinto, treinador, e André Pinto, jogador, capitão de equipa e filho, também defendem as cores da Académica, sendo que o cruzamento nas carreiras foi sempre feito de maneira não premeditada. “Não é algo que seja provocado, são coincidências, o facto de ambos estarmos ligados, de alguma forma, ao clube, acaba por proporcionar isto. Treinar o André não me traz nenhum tipo de carga emocional suplementar, é um jogador como qualquer outro”, revela o técnico dos mochos.

Com uma relação familiar igualmente próxima, mas fisicamente distante, está Rui Ferreira, treinador de futebol, e os filhos, Rodrigo e Ricardo, que praticam o mesmo desporto no Estados Unidos da América, a nível universitário, na Carolina do Sul.

Apesar da distância imposta pelo Atlântico, o contacto é constante, como explica Rodrigo Ferreira. “As chamadas e mensagens são regulares nos grupos de família. Normalmente, falamos, pelo menos, uma vez por dia por videochamada com o nosso pai, para saber como estão as coisas”, indica o jovem. Para Rui, a distância tem sido encurtada graças às tecnologias referidas, o que “faz com que a experiência seja menos difícil do que se esperava,
apesar das saudades serem sempre muitas”. O técnico refere, ainda, que as duas visitas anuais dos filhos também ajudam a matar saudades.

Quando o nervosismo bate à porta

Nas horas decisivas, são os pais que ficam sem unhas para roer, quando seguem ao vivo ou à distância os filhos nas competições. “Muitas vezes estou em casa e parece que estou a jogar, tal como um adepto de futebol simula um lance no ar”, assegura o pai da atleta de badminton.

Tal como o treinador de badminton, Rui também se revela um pai mais ansioso desde que os filhos foram para fora. “Quando eram pequeninos era mais fácil por estar perto e por terem muito talento para a idade, sempre foram protagonistas. Quando as coisas correm bem é preciso construir tudo de novo no dia a seguir e, estando perto, é mais fácil passar essa mensagem”, indica Rui Ferreira.

Artigo disponível, na íntegra, na edição de 14 de março de 2024. Assine o jornal que lhe mostra Espinho por dentro por apenas 32,5€