Joaquim Gomes, atleta da AD Rio Largo Clube de Espinho, completa este mês 68 anos de idade. Veste a camisola do clube espinhense e o seu maior prazer é correr maratonas. Natural de Serzedo, foi aos 44 anos que se dedicou à corrida e, recentemente, completou a sua 25.ª maratona, obtendo o 59.º lugar no Campeonato do Mundo da Maratona de Veteranos, em Londres.
Como apareceu o Rio Largo CE na sua vida?
Foi há cerca de 14 anos e surgiu através de uma brincadeira com vários amigos. Conhecia o António Dias e ele convidou-me para fazer parte da secção de atletismo. Fui ganhando o gosto por correr desde aí e as maratonas vieram, também, dentro desse espírito. Em cerca de 12 anos acabei por participar em 25 maratonas, não contando com as meias-maratonas e com outras provas em que fui participando.
Como foi a sua infância e onde a viveu em particular?
Fui trabalhar muito cedo. Fiquei sem pai aos 10 anos de idade. Trabalhava de manhã e à tarde ia para a escola. Atualmente isto seria impensável. Comecei a trabalhar como marceneiro. Depois fui para a construção civil e para aquilo que aparecia.
Fui cumprir o serviço militar e fui músico na Força Aérea. Tocava clarinete. Mas queria estar perto dos amigos e, por isso, decidi não prosseguir na vida de militar. Fui para a Banda Musical de S. Tiago de Silvalde, onde estive durante 28 anos. Estive numa banda em Chaves, em Vila do Conde e, até fevereiro passado, fiz parte da Tuna Musical de Anta. Tudo tem um tempo e, por isso, decidi encerrar esse ciclo na minha vida.
Quais os desportos que praticou?
Nunca pratiquei desportos. Por vezes jogava futebol com os amigos, mas nada mais do que isso. Entrei no atletismo aos 44 anos. Fui ganhando gosto e comecei a participar em provas oficiais quando tinha 53 anos, o que me incentivou imenso. Os bons resultados foram surgindo. Fiz 3h19 minutos na minha primeira maratona, há pouco mais de 10 anos. Cheguei a correr os 3000 metros quando havia a pista de atletismo António Leitão, na Nave de Espinho. Mas participei nesta prova apenas porque o meu clube, o Rio Largo, tinha de levar atletas.
Significa que a sua vida desportiva foi sempre no Rio Largo!
Estive sempre nesse clube. Nunca saí, nem tenciono trocá-lo por outro clube.
Recorda-se da sua primeira maratona?
Fiz o tempo de 3h19m na Maratona do Porto e, no ano seguinte, fiz 3h14m.
Foi algo de espetacular e isso entusiasmou-me. A partir daí comecei a participar nas maratonas e, inclusive, fiz 10 no estrangeiro – Amesterdão, Budapeste, Milão, Leon, Sevilha (duas), Valência, Badajoz, Madrid e Londres.
Ficou entusiasmado com esta sua última participação em Londres?
Foi extraordinária e a melhor maratona que participei até hoje. Foi melhor do que todas em todos os aspetos – na organização, no número de participantes, no apoio do público que estava em todo o percurso. Nunca tinha visto nada semelhante! Ao longo dos cerca de 42 quilómetros do percurso não há um metro que não tenha pessoas a assistir. É impressionante! Nunca tinha visto e sentido isto em todas as anteriores maratonas em que tinha participado. O público não se importa se é este ou aquele corredor, mas está ali para aplaudir e para incentivar quem passa. Foi uma experiência fantástica.
Como conseguiu participar na Maratona em Londres?
Participei numa maratona virtual onde os registos são feitos através de uma aplicação, ao pormenor. Foi dessa forma que consegui o apuramento.
O que leva um ‘jovem’ como o Joaquim Gomes a participar nas maratonas, que são provas duras e de longa distância?
Tenho prazer em correr a maratona em si e, depois, desfrutar da paisagem e de tudo aquilo que a envolve, como por exemplo a cidade. Por outro lado, aproveitamos para conhecer os locais, para vermos os monumentos destas cidades estrangeiras. Por exemplo, em Milão fui ver a Ferrari!
Na Maratona de Londres tive a oportunidade de ver tudo o que aparecia no percurso e, por isso, desfrutei dela ao máximo.
Entrevista completa na edição de 13 de outubro de 2022. Assine o jornal que lhe mostra Espinho por dentro por apenas 32,5€.