Sílvia Canelas é treinadora de ginástica rítmica e juíza internacional da modalidade. Irmã gémea do ex-treinador da Académica de Espinho, Luís Canelas, Sílvia, aos 41 anos, dedica a sua vida à sua modalidade, mesmo sacrificando a vida pessoal. É um exemplo de amor e de dedicação à ginástica rítmica e ao clube do Mocho.
Como surge o desporto na sua vida?
Desde os três anos que pratico desporto. Andei no ballet, ginástica, a natação, patinagem e por várias modalidades. O meu pai, como estava ligado ao andebol, tentou levar-me para esse desporto. Não teve sucesso. Sempre me relacionei melhor com os desportos individuais e, por isso, quando tive de optar fi-lo pela ginástica.
E a ginástica ficou consigo desde quando?
Andei na ginástica do Sporting Clube de Espinho, na formação geral. A minha irmã, Suely, andava na ginástica rítmica e eu assistia aos seus treinos. Comecei a gostar e fui tentando imitá-la. A professora achou piada e chamou-me. Passei a integrar a rítmica, sendo a mascote da equipa. Mais tarde, acabei por me dedicar à ginástica rítmica e a minha irmã deixou de praticar.
Como foi a sua carreira desportiva como atleta?
Foi uma carreira dentro daquilo que é normal. Era uma atleta que me lesionava muito facilmente. Por outro lado, na Académica de Espinho a competição começou mais tarde, embora havia competições internas e distritais.
Daí a treinadora!…
Gosto muito da ginástica e sempre tive uma enorme paixão por esta modalidade. Entrei para a faculdade e deixei de ter tempo para treinar. Abandonei a carreira de atleta aos 18 anos. No entanto, as minhas treinadoras da Académica de Espinho, Catarina Leandro, Gabriela Salvador e Ana Isabel Cardoso precisavam de ajuda e disponibilizei-me para, de vez em quando, dar essa assistência. Fui ficando e, cada vez mais, foram-me pedindo a colaboração.
Foi investindo, aos poucos, na carreira de treinadora…
Fui investindo bastante na minha formação como treinadora de ginástica rítmica. Vi que era algo que gostava imenso. Era a área do treino. Sou professora de Educação Física, mas se pudesse vivia da área do treino. No entanto, em Portugal isto é impossível. Não se consegue viver com um rendimento de treinador ao serviço de um clube.
Considerei que a minha formação nesta área era muito importante. Sempre quis aprender mais e, por isso, sempre estabeleci objetivos como ter ginastas nas seleções e em campeonatos do mundo. Fiz vários cursos de treinadores, quer a nível nacional, quer internacional. Faço, também, muitas formações. Gosto de aprender e de saber mais.
A ginástica requere muitas horas de treino e se caímos numa rotina, dando sempre os mesmos treinos, isso acaba por ser desmotivador para as nossas ginastas. Esta é uma área que nos obriga a estarmos numa constante aprendizagem.
Mas isso obriga-a a um esforço pessoal enorme!
Abdico muito da minha vida pessoal e social em prol da ginástica, dada a sua exigência e ao elevado número de horas de treino, mais as competições que temos ao fim de semana.
Gosta mais de formar atletas ou de as trabalhar num nível mais avançado?
Começar a treinar atletas num nível mais desenvolvido não é possível porque nós, aqui na Académica de Espinho, fazemos tudo. As atletas entram aqui muito novas e vão connosco até a um nível mais avançado. É muito raro chegar aqui uma atleta já formada.
Entrevista completa na edição de 15 de setembro de 2022. Assine o jornal que lhe mostra Espinho por dentro por apenas 32,5€.