O problema da poluição das ribeiras de Rio Maior (Paramos) e de Silvalde vem de há muitas décadas. A indústria que fica próximo dos leitos e a inexistência de saneamento básico terá sido, em tempos, o grande problema. Atualmente, as descargas poluentes são esporádicas, mas mesmo assim, persistem, com origem no concelho da Feira. Autoridades policiais já identificaram algumas fontes poluidoras e, até, levantaram os respetivos autos de contraordenação.

Segundo a Guarda Nacional Republicana (GNR), este ano foram já levantados dois autos de contraordenação – um na Ribeira de Silvalde e outro na Ribeira de Rio Maior. No ano passado (2020), a GNR levantou dois autos de contraordenação na Ribeira de Rio Maior e, em 2019, foram três as advertências na ribeira de Paramos e uma na Ribeira de Silvalde .
Nesta reportagem, as autarquias reconhecem o trabalho feito até agora e o esforço levado a cabo por algumas empresas. Os autarcas de Paramos e de Silvalde, gostariam de ver as suas ribeiras mais cuidadas, o que constituiria um meio de atração turística.
“Estou desligado destas atividades políticas e ambientais há cerca de 15 anos”, diz o ex-membro da Assembleia Municipal de Espinho e antigo dirigente da Associação Paramense de Defesa dos Interesses Locais (APARDIL), o paramense, Domingos Monteiro.

Ribeira de Paramos (Rio Maior) leva a água até à lagoa – foto Francisco Azevedo

“Na década de 90, a poluição da ribeira de Paramos era muito pior do que a que atualmente se verifica. Ainda assim, neste momento, acho que a poluição ainda é muita e não se entende por que razão ainda não terá sido melhor resolvida”, recorda Domingos Monteiro que ainda fala, com emoção, da ‘sua’ lagoa de Paramos, onde desagua a ribeira de Rio Maior. “Nos anos 90 as enguias vinham moribundas rio-abaixo e a dada altura criavam-se camadas de lama que permitiam passar de um lado para o outro [da ribeira]”, dá conta aquele paramense, como
exemplo das matérias poluentes que infestavam as águas. “Foram feitas diversas intervenções por parte do Ministério do Ambiente, mas apercebi-me que a maior parte da poluição vinha das fábricas de papel do concelho de Santa Maria da Feira. Chamei a atenção da Direção Regional do Ambiente do Norte por várias vezes e que, segundo consta, levantou autos às empresas prevaricadoras”, recorda, ainda, o antigo membro da APARDIL.

Ponte Redonda não faz descargas para a ribeira

A Fábrica de Papel Ponte Redonda localiza-se na freguesia de Silvalde, mas está junto ao leito da ribeira
de Paramos. “Temos por perto a ribeira, mas há muitos anos que não retiramos de lá água nem colocamos
nada para lá. Tudo o que é excedente, da nossa parte, é levado a tratamento e, depois, enviado para a ETAR, num camião-cisterna”, diz o administrador da empresa, Raúl Loureiro.
Para o industrial de papel, “o grande problema destas ribeiras está em algumas ligações do saneamento básico, que não está completo ou que tem defeitos, com descargas a verificarem-se nestas ribeiras”.

Artigo disponível, na íntegra, na edição de 15 de abril de 2021. Assine o jornal que lhe mostra Espinho por dentro, a partir de 30 €.