José Pedro Matos foi guarda-redes de hóquei em patins na Académica de Espinho. Desde muito novo, ainda no seu primeiro ano de júnior, foi ao escalão sénior da equipa do Mocho. Vladimiro Brandão, como treinador, e Vítor Hugo, como jogador, são as suas referências. Acabou por jogar nos Carvalhos, antes de ter de cumprir o serviço militar obrigatório, nos paraquedistas. Foi nadador-salvador na praia de Paramos e segurança da discoteca Spinus. Atualmente, aos 56 anos, a sua profissão é a de cozinheiro. Depois de uma passagem pelo Luxemburgo e por Angola, José Pedro Matos dedica-se à cozinha no nosso país.
Como apareceu o desporto na sua vida?
Foi através dos meus amigos de escola. O primeiro colega a desencaminhar-me para o hóquei em patins foi o Edgar Tavares. Cheguei à Académica de Espinho e já conhecia muitos dos meus colegas.
Cheguei a ir ao futebol do SC Espinho, com 15 anos, a uma captação, mas tinha dois ‘pés esquerdos’, apesar de ser bastante alto. Estive lá uma semana, mas depois deixei o futebol. Fiquei no hóquei em patins até deixar de jogar.
Começou nas escolas de patinagem da Académica?
Sim, foi nas escolas de patinagem do clube, com o Vladimiro Brandão. Íamos para os treinos e andávamos a aprender a patinar, à volta do campo. O senhor [Vladimiro Brandão] ia escolhendo alguns dos patinadores, colocando-os a patinar num dos lados do campo. Depois disso, esses patinadores entravam para a competição do hóquei em patins. Entrei para o último ano dos infantis, quando já tinha 11 anos e joguei até aos seniores, na Académica de Espinho. Depois disso fui jogar durante dois anos para os Carvalhos, mas quando fui cumprir o serviço militar obrigatório interrompi a minha carreira de jogador.
Por que razão escolheu ser guarda-redes e não optou por jogar à frente?
Não sei muito bem! O Vladimiro Brandão até dizia que eu patinava bem, mas não sei por que razão escolhi a posição de guarda-redes. Na altura, o guarda-redes da Académica era o Ismael, que era mais velho do que eu e era uma referência para mim. Penso que deverá ter sido por vê-lo a jogar, que optei por ser guarda-redes. Fui experimentar a baliza e fiquei.
Como era o hóquei em patins nesse tempo?
O treinador era o Marçal e eu jogava com o filho dele, o Paulo Marçal, o José Sá, o Lima, etc.. Naquele tempo, tudo o que fosse torneios de abertura e campeonatos, a Académica de Espinho vencia, porque não havia campeonatos nacionais nesses escalões jovens. Havia grande rivalidade entre o nosso clube e o FC Porto.
Foi chamado à seleção nacional!
Fui chamado apenas para os treinos da seleção. Foi no primeiro ano em que fui jogar para os seniores dos Carvalhos, quando tinha idade de júnior. Quando lá cheguei, também estava o Nuno Marçal, que era de Espinho e jogava – se não me falha a memória – no Valongo. O Nuno ficou e eu não. Penso que ao ter sido escolhido para os treinos da seleção é porque não seria assim tão mau! Foi uma experiência muito positiva.
E como foi a experiência nos seniores?
Subi ao escalão sénior com a idade de júnior, no meu primeiro ano. Joguei com jogadores bem mais velhos do que eu, tais como o Manuel José Azevedo, Antero Costa, Arsénio, José Sá e tantos outros.
Financeiramente a sua chegada aos seniores veio compensar?
Não compensava em nada. No primeiro ano, a equipa teve o patrocínio do Jornal de Notícias e, por isso, a Académica de Espinho dava-nos um pequeno subsídio que não dava para mais do que comer um prego em pão no final dos treinos! No ano seguinte, fui para os Carvalhos, com o Né Vasco e com o José Francisco, que chegou a estar no FC Porto onde foi campeão.
Esteve quase a ir jogar para a equipa do Ferpinta!…
Estive para ir para aí quando saí da tropa. Tinha estado parado durante dois anos, enquanto estive a cumprir o serviço militar e o Vladimiro Brandão veio perguntar-me se queria ir para a Ferpinta. Estava lá ele e o Francisco Fidalgo, que era o preparador físico. No início, hesitei porque tinha engordado uns quilitos, mas depois aceitei e já tínhamos tudo acertado. Eles tinham um guarda-redes, que tinha vindo da Oliveirense, mas, pelos vistos, era malandrote e precisavam de um que lhe fizesse frente. Quando estava tudo preparado, o dono da Ferpinta decidiu acabar com o hóquei em patins e criou uma equipa de futebol de salão. Não fui para lá e acabei por não ir para mais nenhuma equipa. Há uns anos a esta parte, em conversa com o Gonçalo Alves, fiquei a saber que o tio dele também ia para essa equipa da Ferpinta.
Hoje ainda sinto alguma mágoa porque penso que poderia ter feito mais alguma coisa no hóquei em patins.
Se fosse nos dias de hoje, poderia ter ganho dinheiro com o hóquei em patins?
Entrevista completa na edição de 20 de janeiro de 2022. Assine o jornal que lhe mostra Espinho por dentro por apenas 30€.