(Foto: Sara Ferreira)

A ideia de que a idade limita, de que os sonhos têm prazo de validade ou que há sacrifícios que já não valem a pena, não cabe na vida de todos. É o que provam Fernanda, João, Ana e Manuel que, por diversas razões, não tiveram oportunidade de estudar em idade jovem, mas nunca perderam a esperança de o fazer. Após anos em trabalhos que não os satisfaziam, candidataram-se, já adultos, ao ensino superior e mostram que, mesmo com adversidades e preconceitos à mistura, nunca é tarde para voltar a estudar.

Fernanda Ferreira, de 54 anos, residente em Anta, é a prova de que, mesmo com poucas bases escolares, é possível chegar a níveis académicos como o mestrado. Fernanda tinha consciência da sua situação quando se propôs a abraçar o desafio. Uma infância passada na Venezuela, o pouco contacto com a língua portuguesa ou o sentimento de insegurança com que cresceu, sempre fizeram com que duvidasse de si e das suas capacidades.

Quando regressou a Portugal, com apenas o 6º ano concluído, ingressou imediatamente no mercado de trabalho. Cabeleireira de profissão, sempre lhe faltou qualquer coisa. “Comecei cedo a trabalhar, mas sempre com o sonho de um dia voltar a estudar. Casei, tive filhos e fui adiando, apesar de achar que talvez eu conseguisse. Um dia, quando fui a uma reunião na escola dos meus filhos, o professor comentou que havia a hipótese de fazer o antigo RVCC (Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências Profissionais) para os adultos que não tinham o 9º ano”, recorda, explicando que foi este o primeiro passo de uma caminhada que, na época, nem imaginava onde a levaria.

Reportagem disponível, na íntegra, na edição de 17 de fevereiro de 2022. Assine o jornal que lhe mostra Espinho por dentro por apenas 30€.