A viagem começa agora… uns tempos antes (22 de Fevereiro)

Olho o calendário, estamos ainda longe de ouvir no escuro e quente asfalto “ah! É já ali…”. Ainda agora me foi lançado o desafio de partilhar um pouco de um tão avassalador momento de encontro que me invade o medo de ficar sem palavras do meu dicionário. Bom, nesse caso poderei sempre falar com o coração, e, com ele, virá a seu tempo o ritmo certo, assim como numa canção que nasce (em forma de arte). Ultimamente, os passeios sob a luz da lua com o meu cão – resgatado de uma Associação – tem-se pautado por acordes e palavras que me (nos) inundam de esperança, embora fique (sempre) alguma coisa por dizer.

Quando voltarmos àquele lugar da Iria, terão passado três anos. Por essa altura, o mundo ainda contava (e bem!) com aqueles e aquelas que são – aos dias de hoje – os nossos anjos da guarda, entre eles, Américo e Mónica. Recordo-me bem do ar sereno do Américo ao carregar ao longo de cinco dias a imagem de N.ª Sra., que tantas vezes servia de referência para quem seguia uns passos atrás. Da Mónica – à memória – vir-me-á sempre o sorriso e a emoção à chegada.

Faço agora uma pausa para encontrar o melhor caminho das palavras. Recordo-me de como é bonito ter alguém à nossa espera no final da jornada, há abraços que valem o mundo, há mãos hábeis que atenuam as mazelas. Na última viagem tive oportunidade de acompanhar a equipa de Fisioterapia (Andreia, André e Adriano da Fisio&Care), com a sua capacidade técnica e humana ajudaram quem mais precisava, incentivando ao extravasar das emoções: 

– Deixe-a chorar! Faz-lhe bem – Não me esqueço desta frase, do tom de voz da Andreia, mas guardo também as lágrimas que lhe escorreram pelo rosto quando ao grupo se juntou o Padre Cláudio na avenida principal de Fátima, com uns pés que nem Cristo. Chegar é o objectivo, mas há tantos que por razões de saúde ficam tristes com a desistência, mas a devoção, a admiração e adoração fazem-nos voltar a tentar. E muitos… Conseguem! 

Na noite de sete de Maio, os peregrinos foram chegando, alguns mais sorridentes que outros, envergavam a camisola azul e branca. A Igreja Matriz em obras, mas com um painel fiel do antigo altar pintou-se de coletes amarelos e números, uma celebração para unir o grupo e entrega dos terços para a viagem. Da cerimónia guardo esta passagem: “A melhor forma de agradecer a Deus é viver agradecido”. Juntei-me aos peregrinos para os primeiros quilómetros de estrada, e nela foi possível encontrar apoio mas também desrespeito por parte de quem circulava na estrada. Uma noite quente de Maio, sem vento e quarenta e quatro quilómetros de caminho. Reencontro marcado para umas horas mais tarde no Pavilhão do Colégio de Albergaria-a-Velha.

A segunda etapa terá lugar amanhã pelas 5 horas da manhã com destino à Mealhada. Haverá um almoço no Restaurante Convívio com chegada prevista ao Pavilhão junto aos Bombeiros locais às 17h30.