Lançamento do disco realiza-se a 10 de março (Fotografia: Isabel Faustino)

Canções para Espinho é o mais recente trabalho discográfico de Irene Vieira. Aos 69 anos, a artista prepara-se para subir ao palco do auditório do FACE, num espetáculo que reserva muitas surpresas.

Como nasceu a paixão pela música?

A música na minha vida é fundamental. Isto já nasceu comigo porque a verdade é que canto desde sempre. Nasci na zona do S. Pedro e lá vivi até à idade adulta. A minha família é católica, fui criada nesse ambiente e foi justamente na capela de S. Pedro que comecei a cantar. Já em pequena fazia parte dos cortejos que se faziam para as obras de construção do salão paroquial de Espinho.

Foi uma infância já muito pautada pela música…

Sem dúvida. Acabei por ir estudar música para poder tocar na capela porque, naquela época, não existia organista nem sequer órgão. Andámos a cantar as janeiras com o fundador do grupo coral, o padre José Fonseca, para angariar fundos para a compra do harmónio que ainda hoje lá está ao serviço da liturgia. E foi lá que também estudei porque tive aulas com um professor particular na capela de S. Pedro para aprender a tocar e, assim, cantar lá. Depois, por volta dos 15 anos comecei a acompanhar os cânticos na liturgia e, aos 17, já dirigia o coro.

Desde cedo percebeu a importância da formação?

Sim, a formação musical é fundamental. Bastante mais tarde, já era casada, resolvi frequentar um curso de canto na Academia de Música de Espinho para desenvolver a voz e para adquirir técnica para conseguir cantar alguns clássicos, até porque fiz muitos casamentos que só tendo alguma técnica é que se consegue. Além disso, fui tendo aulas com professores particulares.

Nasceu e cresceu junto ao mar. Isso ajudou na inspiração para a música que faz?  

Sim. Quem vive em Espinho sabe que o mar já nos tem causado muitos danos, mas é qualquer coisa de inexplicável. O mar, quando leva um dos nossos, causa muita dor, solidão e luto, mas há qualquer coisa inexplicável que faz com que nós, que nascemos junto ao mar e à comunidade piscatória, sintamos uma grande paixão. O mar é uma grande paixão que de vez em quando faz doer, mas eu não me canso de o olhar, como digo numa das minhas canções.

Entrevista disponível, na íntegra, na edição de 02 de março de 2023. Assine o jornal que lhe mostra Espinho por dentro por apenas 32,5€