Travessa do Gavião tem sido frequentemente alvo de depósitos ilegais de lixo. Fotografia: DE

Sofás, cadeiras, roupas, lenha, plásticos, são vários os resíduos encontrados em Esmojães, junto à autoestrada. A Defesa de Espinho foi ouvir os moradores que se queixam da falta de civismo da população.

No Gavião, os problemas com a poluição não são novos e, desde que a autoestrada cortou o lugar nos anos 90, só pioraram. Na travessa, do lado nascente da A29, existe uma lixeira de grandes dimensões que, há muito, motiva críticas da população. Ermelinda Couto, residente há mais de 50 anos, diz já ter perdido a conta ao tempo que existe a lixeira, referindo até que já chegaram a cimentar o local, mas que “não valeu de nada”. Apesar das limpezas levadas a cabo ao longo das várias décadas, diz que “volta tudo ao mesmo” e a poluição torna a ser dominante. Manuel Sousa, morador na travessa de Gavião, considera que os infratores não são da terra, mas que vêm constantemente fazer descargas. “O lixo não é daqui, é de gente de fora que não quer o lixo à sua porta, mas acha que nós queremos”.

Maria da Graça Carvalho também é moradora do Gavião e refere que “no verão até existe mau cheiro”, que coloca em causa a saúde pública. “Hoje fala-se tanto em reciclagem e que exemplo é este que estamos a dar à juventude que cá vive?”, questiona.

Em abril de 2021, a Junta de Freguesia, em colaboração com a SUMA e a Divisão Municipal de Ambiente, realizou a última ação de limpeza na travessa de Gavião. Na altura, a autarquia referiu nas redes sociais que tinha sido feito “um esforço de sensibilização dos proprietários para a limpeza dos terrenos”, assim como preparada “uma ação de derramagem”, que antecederia a reparação da via. Hoje, o cenário é idêntico ao que existia há dois anos.

Nuno Almeida, presidente da Junta de Anta/Guetim, refere que essa última ação de limpeza, a terceira desde 2013, permitiu recolher “três ou quatro cargas de um camião”. Foi uma iniciativa “mais musculada”, a que se têm juntado outras mais pontuais ao longo dos anos. No entanto, o autarca explica que “o lixo é tanto que vai para além da berma da estrada e encontra-se em terrenos particulares”, o que complica a resposta. A juntar a isso, aponta para a “dificuldade em saber quem são os proprietários”, que resulta das expropriações feitas antes da construção da autoestrada.

Reportagem disponível, na íntegra, na edição de 9 de março de 2023. Assine o jornal que lhe mostra Espinho por dentro por apenas 32,5€.