Presidente do SC Espinho prometeu apresentar queixa-crime e denunciou proposta para envolver construtora do estádio na SAD

Foto: Flávio Alberto

O Sporting Clube de Espinho vai avançar com uma queixa-crime, no Ministério Público, contra o chefe do Gabinete de Apoio à Presidência da Câmara Municipal de Espinho, Nuno Cardoso. A decisão foi tomada ontem [9 de março], em sessão com os sócios, pelo presidente da direção dos tigres, Bernardo Gomes de Almeida. Nuno Cardoso terá, alegadamente, sugerido que a empresa ABB entrasse no negócio da SAD.

Numa sessão que contou com o auditório da Junta de Freguesia de Espinho completamente cheio, os sócios apelaram a que a direção do SC Espinho apresentasse a referida queixa-crime, comunicasse a sua posição à Câmara Municipal e emitisse um comunicado. O presidente dos tigres garantiu que iria dar seguimento a estas sugestões dos associados e apelou ao “civismo”, uma vez que alguns dos sócios presentes sugeriram manifestações no sentido de demonstrarem a força do clube.

Segundo Bernardo Gomes de Almeida, o chefe do Gabinete de Apoio à Presidência (GAP), Nuno Cardoso, duas horas depois de participar numa reunião conjunta entre o clube e a presidente da Câmara Municipal – onde ficou garantido o andamento da obra do estádio – veio desmentir a palavra da autarca. Num almoço, o assessor traçou um “cenário catastrófico” no projeto do recinto desportivo e propôs, junto das cinco pessoas que estavam à mesa, que “a Câmara arranjaria uma forma de dar por concluída a obra”, estando também na disposição de “ceder o estádio ao SC Espinho no estado atual, comprometendo-se o clube a finalizar a sua construção”.

De acordo com o presidente do SC Espinho, Nuno Cardoso terá, inclusivamente, dito que “se o dinheiro fosse um problema, ele sugeria a participação na sociedade desportiva que o SC Espinho pretendia constituir de um empresário da construção civil e obras públicas, com fortes interesses em Espinho”. “Trata-se do dono da empresa [ABB] que está a construir o estádio”, revelou Bernardo Gomes de Almeida.

Na exposição aos sócios, Bernardo Gomes de Almeida deu nota da preocupação relativamente ao estádio municipal e afirmou que o projeto de criação de Sociedade Anónima Desportiva (SAD) para o futebol “está perdido”. “Os investidores foram procurar outro parceiro, não por uma decisão que tenha partido dos sócios do SC Espinho, mas sim da Câmara Municipal”, acrescentou o responsável do clube tigre.

O dirigente afirmou ainda que, com o cair deste projeto, foram perdidos “dois campos de treino relvados, um dos quais com uma bancada, dois ginásios, um para utilização das modalidades do clube, obras no Centro de Formação do SC Espinho, um valor inicial e um valor percentual das transferências de jogadores que seria destinado à construção do futuro pavilhão do clube”.

Bernardo Gomes de Almeida considerou, também, que afirmações num comunicado da autarquia relativamente à SAD “são estúpidas e ofensivas” e que “são uma ingerência na vida interna do SC Espinho”, clube que “é dos seus sócios há mais de 100 anos”.

“É inqualificável que a Câmara emita comunicados que são um ataque ao clube, que rasgam compromissos previamente assumidos pelo Município e ainda se intrometem na própria vida interna do Sporting de Espinho”, acrescentou.

“O projeto da SAD caiu com o atraso, sem previsão das obras do estádio, e com o comunicado do Município. O projeto da SAD caiu sem que os sócios do SC Espinho pudessem ter recebido mais informações, mais esclarecimentos, e eventualmente deliberado em Assembleia Geral. Não foram os sócios que decidiram o futuro do clube, foram outros interesses, foram outras pessoas, que nem sócias são”, afirmou.

“Não admito que venham fazer política rasteira usando o Sporting Clube de Espinho e os seus interesses”, disse o presidente dos tigres.

Para o dirigente do clube centenário “a Câmara Municipal teve um comportamento lamentável” com o seu clube e que, por isso, “esse comportamento, pela sua gravidade, merece ser denunciado”.