A Piscina Solário Atlântico completa no dia 10 de julho 80 anos. Uma obra que foi e continua a ser uma marca da cidade. A água salgada, junto da praia, são algumas das principais características. Um equipamento que sofreu várias alterações ao longo da sua vida, sendo a de 1999 a mais significativa. Para a história ficam os mergulhos, os momentos de lazer e diversão dos espinhenses (e não só) durante quase um século de vida.

“Um belo sonho convertido em realidade”, refere a edição da Defesa de Espinho de 11 de julho de 1943. A Piscina Solário Atlântico estava concluída e seria inaugurada a 10 de julho de 1943. Uma obra emblemática, icónica e que se manteve ao longo das décadas como uma verdadeira referência da vila e, posteriormente, da cidade de Espinho.

A construção de uma piscina à beira-mar era uma ambição anterior a 1938, mas os primeiros passos foram dados nesse ano. O primeiro registo do movimento em prol da obra foi feito a 16 de março de 1938, dando entrada na Câmara Municipal de Espinho um requerimento apresentado pelos irmãos Agostinho e Alberto Calheiros Lobo e por José de Almeida Francez.

Dois anos depois, a 13 de novembro 1940, o então presidente da Câmara, Augusto Braga de Castro Soares, abriu concurso para a construção de uma piscina-solário. Uma proposta para construção e exploração, por 20 anos, da autoria da Empresa de Melhoramentos de Espinho.

O projeto da piscina foi da autoria dos arquitetos Eduardo Martins e Manuel Passos e o primeiro orçamento para a construção foi de 971.587,37 escudos (484.625,74 euros). No entanto, o projeto sofreu uma alteração para uma ampliação de mais 30 metros e a empreitada foi adjudicada ao construtor espinhense António Catarino da Fonseca por 2.000 contos.

O projeto da autoria dos arquitetos portuenses Eduardo da Silva Martins e Manuel Passos visava “dotar a primeira das praias do Norte do país com um estabelecimento balneário de tamanho vulto”. Uma obra que os arquitetos consideravam que “Espinho há muito necessitava”.

Na proposta submetida a concurso, os arquitetos referem-se à obra com “duas partes distintas, mas formando um todo único”. Uma dessas partes estava “reservada aos banhistas, aos que se utilizam da piscina propriamente dita e do solário” e a outra “a todo o público frequentador, com passeios, areal, bancadas, bar, esplanadas e respetivos anexos”.

Na entrada da piscina, voltada a sul, procurou dar-se “uma certa imponência com portões de ferro e sua torre com cerca de quinze metros de altura”, abrindo-se para “um vestíbulo amplo, desafogado, que tem a um lado as dependências dos serviços de administração e gerência e do outro conduz a uma série de salas apetrechadas para banhos de imersão duches, massagens etc.”.

A sudoeste ficava o bar-dancing, “com acesso quer pelo interior quer pelo exterior, podendo funcionar independente do restante estabelecimento”.

No extremo poente da esplanada, poderia desfrutar-se de “uma soberba vista sobre a costa marítima e sobre o interior”.

A piscina estava equipada com “gabinetes, vestiários para banhistas, dispostos em dois andares, cada um destinado ao seu sexo”. Os corredores que serviam esses gabinetes quer o do primeiro, quer o do segundo piso, desembocavam junto dos chuveiros. Estas instalações sanitárias e um pequeno ginásio, formavam a parte norte da construção e “foram aí colocadas para abrigar quanto possível o solário as bancadas, a piscina propriamente dita e o areal circundante dos ventos predominantes em Espinho na época do verão”.

Na fachada poente havia um “muro de vedação enriquecido com motivos arquitetónicos adequados, com a altura suficiente para impedir o acesso clandestino, sem dificultar aos frequentadores do estabelecimento a vista sobre o mar”.

A Piscina propriamente dita era formada por “um tanque grande, com 50 metros por 18 (tendo no topo sul, e no sentido do poente, um alargamento que atinge cerca de 7 x 15 metros), e um outro mais pequeno com 6 x 18 metros”.

A cuba maior da piscina estava dividida em duas partes: “uma para nadadores experientes, com o fundo em rampa que vai de quatro metros (no topo norte) até 1,30 metros; outra para quem não saiba ou não queira nadar com a profundidade constante de 1,25 metros. No alargamento do topo sul sobe em rampa até 0,50 metros, permitindo uma entrada suave na água”.

O tanque pequeno era destinado exclusivamente a crianças que pela sua idade apenas quisessem divertir-se e mergulhar na água, podendo “faze-lo sem perigo”, com a profundidade constante de 0,60 metros.

Em redor de todo o conjunto dos tanques corria uma fita de água, “larga bastante para que todos os banhistas idos do areal ou mesmo diretamente dos vestiários aí tenham de molhar os pés, expurgando-os da areia e das impurezas que iriam conspurcar as piscinas”.

Artigo completo na edição de 15 de junho de 2023. Assine o jornal que lhe mostra Espinho por dentro por apenas 32,5€.