A competição surfista em Portugal teve um interregno, para férias de verão e prevê-se o regresso das provas a partir de setembro. No entanto, a atividade não pára e há muitas ondas para surfar. O trabalho continua, apesar do alívio competitivo, mas o foco mantém-se.
“Estamos a aguardar a última fase de competição do surf, que são os Campeonatos Nacionais para os quais temos apurados quatro atletas nossos: dois no surf e dois no bodyboard. No entanto, durante o verão as competições estão mais estagnadas e apenas se regista uma ou outra prova a nível local onde gostamos de participar de forma a que os nossos jovens atletas não parem, dando-lhes a possibilidade de terem mais experiências competitivas”, explica o treinador da Academia do Mar de Espinho (AME), Luís Godinho.
“O surf, apesar de ser praticado no mar, não deixa de ser um desporto. Por isso, tentamos fazer um trabalho multidisciplinar e atacamos a preparação física, a técnica, tática, psicológica e tudo o que está à volta do desporto. A nossa grande dificuldade face aos restantes desportos é o estado do mar”, prossegue o técnico espinhense. “Em todos os desportos há um recinto para a prática da respetiva modalidade e no surf é o mar que dita as regras”, dá nota o treinador acrescentando que “todos os dias o nosso espaço muda, o que faz com que os treinadores de surf tenham muita criatividade para conseguir dar alguma consistência ao trabalho. Tentamos desenvolver os nossos atletas em todas as vertentes que fazem parte do nosso jogo”.
Luís Godinho diz que a semana “começa pelo planeamento dos treinos tendo em conta as previsões do tempo e do estado do mar. É a partir disto que procuramos encontrar a melhor forma de abordar uma semana de treinos para os nossos atletas”, revela.
Numa altura em que a competição abrandou, Luís Godinho insiste com os seus atletas para surfarem. “Não há melhor treino do que passar horas na água”, evidencia. “Nos treinos exigimos determinadas tarefas aos nossos atletas, atribuindo-lhes objetivos, mas é importante que façam free surf para não estarem condicionados pelos treinadores. Nesses momentos os surfistas conseguem fazer coisas que não haviam feito antes porque estão livres de pressão”, explica.
O instrutor considera ser muito difícil fazer treinos de surf durante o verão nas praias de Espinho, sobretudo pela afluência de banhistas e de outros surfistas. “O surf, além do desporto, hoje em dia é um negócio em expansão e há cada vez mais escolas. Por isso, procuramos ir para a praia muito cedo, às 6h30”, dá nota o treinador. “Os nossos atletas podem não estar a apanhar as melhores ondas, mas também isso é um bom treino para a necessária capacidade de adaptação que têm de desenvolver”, acrescenta.
“O nosso objetivo nesta academia não passa por termos campeões. Se os tivermos, naturalmente que ficaremos muito felizes. No entanto, trabalhamos para que os nossos atletas sejam cada vez melhores, incutindo-lhes valores humanos, disciplina, cumprimento de horários. No fundo, queremos fazer sentir aos nossos surfistas que o trabalho compensa. Com trabalho os resultados pessoais de cada um aparecem com naturalidade”, conclui.
Nadir Rosário um jovem talento no surf espinhense
O jovem de 12 anos de idade é uma das promessas do surf da AME. Praticante de surf, na vertente competitiva, há cerca de um ano, Nadir consegue conciliar os seus estudos e a sua atividade desportiva competitiva na natação do SC Espinho com a competição no surf.
“Comecei a praticar surf aos seis anos de idade, com uma aula onde consegui o meu primeiro stand up. Mais tarde vim a dedicar-me ao surf com mais tempo”, recorda o jovem surfista que agora faz parte da equipa de competição da AME.
“Foi nesta academia que me deram a possibilidade de enveredar pela competição. Decidi experimentar e, até ao momento, estou muitíssimo entusiasmado”, confessa o atleta de 12 anos.
Artigo completo na edição de 10 de agosto de 2023. Assine o jornal que lhe mostra Espinho por dentro por apenas 32,5€.
