(Fotografia: Isabel Faustino)

Na semana em que se celebra a Nossa Senhora da Ajuda, a Defesa de Espinho foi saber o que preparam as rusgas para a festa maior da cidade. Com vontade de mostrar as tradições da terra, as rusgas revelam o que as move, o orgulho que sentem e os costumes que não querem ver desaparecer.

Tradição, orgulho e sentimento. Mostrar as raízes espinhenses e a vida dos que habitam junto ao mar são um dos principais objetivos das quatro rusgas de Espinho que, com mais ou menos dificuldades, vão lutando para que os costumes vareiros não caiam no esquecimento.

A cidade é a principal protagonista e, ainda que cada rusga tenha as suas particularidades, é a Espinho que cantam e querem encantar. Na semana em que se celebra a padroeira Nossa Senhora da Ajuda, as rusgas ensaiaram a todo o vapor para, esta quinta-feira à noite, subirem ao palco na Praça Progresso. Através das várias canções, danças e teatros querem, mais uma vez, mostrar aquilo que os faz continuar: o orgulho vareiro.

Apesar do grupo se juntar há vários anos, foi em setembro de 2022 que a Rusga Nossa Senhora do Mar se tornou em associação. Segundo Vânia Barbosa, presidente da rusga, este foi um passo “essencial” e não esconde que “abriu mais portas”. No entanto, os objetivos não se alteraram e levar Espinho até outras terras continua a ser fundamental.

“Somos todos oriundos de famílias de pescadores e de varinas. Crescemos no meio da praia e do peixe e, por isso, o gosto pela pesca esteve sempre no sangue”, afirma Vânia Barbosa, recordando que este foi um fator que levou à formalização e união do grupo. Atualmente com 23 elementos, a Rusga Nossa Senhora do Mar começou através da realização de um desfile em homenagem ao pescador, mas rapidamente os seus participantes perceberam que havia espaço para mais.

“Este é um grupo muito unido. Quando um está triste, todos estão presentes para apoiar e tem sido sempre assim. Esta é uma rusga que tem levado Espinho a todo o lado, basta ligarem as televisões e, por isso, a tradição vareira nunca irá acabar no que depender de nós”, diz a presidente, destacando a paixão que move o grupo.

A 16 de junho de 2018 nascia a Associação O Mar é Nosso. Manuel Faustino, presidente da rusga, e Ana Maria Neto, vice-presidente, revelam que tudo começou como uma forma de convívio, mas rapidamente evoluiu para se tornar em algo mais sério.

“Já tínhamos pertencido a um grupo do mesmo género e, como ficou o bichinho, decidimos, entre amigos, formar um grupo para convivermos e nos divertirmos, mas nunca pensamos que a associação o Mar é Nosso tivesse o impacto que acabou por ter”, confessa Ana Neto.

Desde essa altura, a participação em várias festas e romarias tem sido habitual, mas a chegada da Nossa Senhora da Ajuda foi encarada como um motivo de muita celebração. “Já participamos em alguns programas de televisão, mas não olhamos para isso como o principal, até porque requer muita disponibilidade, as pessoas têm os seus empregos, por norma é um dia perdido e é muito difícil de coordenar. Não estou a dizer que a televisão não tem impacto, sabemos que tem, mas há outras atuações muito importantes também”, refere a vice-presidente, explicando que a festa da cidade representa muito para o grupo que, atualmente, se faz com 30 elementos.

Fundada há cerca de um ano, a Rusga Raça Vareira é composta por 30 elementos, todos comandados pelo presidente Miguel Silva.

Rosa Maganinho é um dos rostos que dança e canta para levar o nome de Espinho o mais longe possível e não esconde o orgulho que sente. “Há um ano unimo-nos entre amigos e quisemos formar uma rusga, uma que verdadeiramente pertence ao bairro piscatório porque somos mesmo raça vareira e vivemos à beira-mar”, revela, explicando que, no passado, já fez parte de outro grupo, mas com um novo convite para a recém-criada rusga não conseguiu dizer que não.

“A ideia de criar um grupo surge na comissão de Festas a São Pedro d’Espinho, em 2010”, começa por contar Rui Neto, presidente da Rusga de S. Pedro de Espinho – Associação, esclarecendo que se iniciou, assim, “um percurso sob o objetivo de renovar e inovar a rica tradição cultural musical de Espinho e que, àquela data, não tinha nenhum grupo a interpretá-lo”.

Com mais de 35 participantes, alguns já na casa dos 80 anos, a rusga continua, desde o seu aparecimento, a defender e a salvaguardar a tradição e cultura do traje contemporâneo de festa identitário da Mulher Vareira d’Espinho, um fator essencial no momento das atuações.

Reportagem disponível, na íntegra, na edição de 14 de setembro de 2023. Assine o jornal que lhe mostra Espinho por dentro por apenas 32,5€