Ser campeão pelo SC Espinho e ter representado a seleção nacional são os pontos altos da carreira de Bruno Gonçalves. Foto: Isabel Faustino.

Aos 40, é mesmo para acabar. Depois de um longa carreira no voleibol, onde passou por clubes como a AJ Fonte do Bastardo ou o Esmoriz GC e representou a seleção nacional, Bruno Gonçalves prepara-se para deixar a modalidade que começou a praticar por um acaso. O distribuidor vai fazer os últimos jogos ao serviço do clube do coração: o SC Espinho.

Quando é que começou a dar os primeiros passes no voleibol?

Foi há 34 anos, quando tinha 6. Uma vizinha minha, a Susana, jogava na equipa sénior e incentivava-me, várias vezes, para experimentar.
Lembro-me que um dia, espontaneamente, disse-lhe que ia experimentar no sábado seguinte. Entrei no pavilhão e, desde então, nunca mais saí. Entretanto, experimentei outros desportos pelo meio, sem nunca deixar o voleibol, até perceber que queria continuar e fazer disto algo mais sério.

Já passou por vários clubes durante a sua carreira. Comparando todos, considera que a formação do SC Espinho se equipara à grandeza do clube?

Se comparar com a minha geração, não tenho dúvidas. Ganhámos tudo o que tínhamos para ganhar, pois fomos campeões nacionais em todos os escalões. Tínhamos uma equipa fortíssima, não era apenas um seis base, tínhamos três jogadores que treinavam a semana toda com a seleção e só vinham à sexta-feira.

Não vou dizer que, esses jogadores da seleção, tinham dificuldades quando chegavam, mas nós apresentávamos um nível muito bom, equiparável ao deles. Também é de realçar o excelente trabalho que o professor Rui Pedro fez nas camadas jovens do SC Espinho,
nomeadamente na nossa equipa, porque dali surgiram alguns nomes como o Januário, o Nuno Pinheiro e o Sandro Oliveira, que também jogou na Académica de Espinho, ou seja, alguns nomes que foram desenvolvidos naquela geração.

Acho que é um pouco exagerado dizer que foi a melhor fornada, mas, naquela altura, foi espetacular e acho que aquela geração foi muito boa, digna dos pergaminhos e da grandeza do clube.

Porque decide ir para os Açores, nomeadamente para o Ribeirense, com 21 anos?

Tinham acabado de subir e precisavam de jogadores. Lembro-me de já estar acordado com o SC Espinho, naquela altura, mas havia uma regra para jogadores sub-21, em que dois tinham que entrar no jogo. No caso do Ribeirense, como era uma equipa mais jovem, com muitos estrangeiros, precisavam de jogadores portugueses.

Surgiu essa oportunidade, então vi isso com bons olhos, no sentido de ganhar mais tempo de jogo. Não seria titular absoluto, teria que trabalhar para isso, mas conseguiria jogar bastante no nível que queria, a 1.ª divisão.

Na altura, pedi autorização para sair, uma vez que já estava comprometido com o SC Espinho. Assim, como já tinha dado a minha palavra, também não assumi um compromisso com o Ribeirense sem falar primeiro com o SC Espinho, que, de bom grado, deixou-me ir.

Foi uma boa experiência, mesmo com dificuldades, porque descemos de divisão. Numa equipa que ganha pouco e joga para sobreviver, surgem muitas coisas negativas e acho que foi um ano de muita aprendizagem, além de ter sido um ano fora de casa, o primeiro ano a cozinhar, o primeiro ano a tratar das compras para casa, entre outras coisas.

Foi difícil a adaptação?

Não acho que tenha sido difícil, porque acredito que tenho uma boa capacidade de adaptação. No entanto, no início, pensei que seria pior, porque, admito, era um pouco mimado em casa. Não fazia nada e a minha avó, felizmente, estava sempre disposta a fazer tudo o que eu pedisse. Consegui adaptar-me bem. Estamos perante coisas novas, então temos que aprender e cozinhar foi uma novidade para mim.
Muitas vezes ligava para casa, perguntava como se fazia este ou aquele prato, mas, em geral, foi muito produtivo e a adaptação foi fácil.

Sai do Ribeirense quando o clube desce?

Sim, e regressei a Espinho.

Estava acordado com os clubes?

Fui para os Açores por empréstimo, mas disseram-me que podia estar sossegado, porque, no ano seguinte, poderia estar de volta. No ano em que volto a Espinho, penso que foi o ano que o clube volta aos títulos, quando ganhámos em casa ao Vitória SC.

Artigo completo na edição de 28 de março de 2024. Assine o jornal que lhe mostra Espinho por dentro por apenas 32,5€.