Fotografia: Sara Ferreira/DE

As duas procissões e a atuação do cantor Lean Cruz foram os exemplos mais vincados do sucesso da edição de 2022 dos festejos de Nossa Senhora dos Altos Céus e de São Mamede que se assinalam em Anta, no mês de outubro, excetuando conjunturas críticas como a da recente pandemia.

A realização de duas procissões, o espetáculo de Lean Cruz e a iguaria dos rojões destacaram-se nas festividades em honra de São Mamede e de Nossa Senhora dos Altos Céus, que devolveram, entre 14 e 17 de outubro, a tradição e a animação aos lugares dos Altos Céus e de Esmojães, ultrapassada a fase crítica da pandemia que suspendeu e condicionou eventos. A população da vila de Anta aderiu ao programa religioso e profano, que também motivou a presença de espinhenses, guetinenses, silvaldenses e paramenses e de oriundos de concelhos periféricos.

“O balanço é bastante positivo, surpreendendo pela participação de muita gente, pois as expetativas não eram grandes devido à suspensão da festa com a pandemia e os tempos de hoje também não são fáceis para as pessoas”, dá nota José Soares, da comissão organizadora dos festejos. “Também tivemos receio pelo tempo, mas, tirando um ou outro momento, até ajudou a que a festa fosse mais bonita. Não choveu aquando das procissões das manhãs de domingo e segunda-feira. A chuva só afetou a procissão das velas que estava marcada para o início da noite de sábado. A procissão das velas não saiu, mas, felizmente, realizaram-se as tradicionais procissões da Nossa Senhora dos Altos Céus e de São Mamede”.

“Foi uma procissão muito bonita, cumprindo-se a antiga tradição dos Altos Céus e de Esmojães”, disse Manuela Pinto Ferreira que assistiu aos cortejos religiosos quase à porta de casa. “As festas da Nossa Senhora dos Altos Céus e de São Mamede já não são como eram antigamente, cheias de gente e muitas famílias e amigos a conviverem, mas os tempos modernos mudam os hábitos e as vontades e a pandemia também mudou muita coisa”.

Fernando Rocha, residente da zona mais urbana de Anta também assistiu ao desfile religioso, recordando-se de tempos em que a tradição deste género de festividades estava mais enraizado nas comunidades. “Agora já não se vê tanta gente nova a assistir às procissões, mas ainda há crianças e jovens que marcam a sua presença, embora sejam os adultos e principalmente os idosos que se interessam por esto tipo de coisas”.

“A presença das pessoas na procissão de domingo foi muita e naturalmente que não esteve tanta gente a assistir à procissão de segunda-feira porque era dia de trabalho”, regista José Soares. “Mas desfilaram os mesmos quinze andores da primeira procissão e o embelezamento foi o mesmo e com a presença do pároco Pedro Rodrigues e do diácono Vieira, a quem se juntou o padre Benjamim, capelão do Exército, na procissão de segunda-feira”.

As procissões foram antecedidas de missas, na Capela dos Altos Céus, tendo o programa constado igualmente de animação musical e de outros atrativos, como a feira das ovelhas. Ao palco subiram o Rancho Nossa Senhora dos Altos Céus, o Rancho Regional da Vila de Lobão, o grupo ADN e Kapital. Houve ainda bandas, tuna e fanfarra num cartaz artístico em que reservou a noite de segunda-feira para a atuação do cantor Lean Cruz.

“A festa tem sido bonita e assim esperamos que seja até ao fim, pois há mais no domingo, com a festa dos tremoços e animação musical”, adianta José Soares, da comissão organizadora. “Tem corrido tudo bem, até para as coletividades que dinamizam a festa dos rojões, com espaços de ‘comes e bebes’, mantendo também esta tradição”.

De facto, o cartaz estende-se até à tarde de 23 de outubro, com tremoços e o espetáculo musical de Mário e Hermínio, mas já dá para conferir o sucesso da comissão festiva. “Valeu a pena o sacrifício”, reconhece José Soares. “Não pudemos organizar a festa no tempo da pandemia e em 2021 só foi possível realizar uma procissão, com alguma abertura das restrições, mas agora foi possível realizar a festa da nossa terra. E o balanço positivo é o resultado do nosso esforço”.

Artigo disponível na integra na edição de 20 de outubro de 2022. Assine o jornal que lhe mostra Espinho por dentro por apenas 32,5€.