Fary (Tiago Arruda): “Gostaria de dar uma alegria ao presidente sendo campeão e levar o clube à 1.ª Divisão distrital”

Fotografia: Francisco Azevedo/DE

A alcunha tem a ver com o antigo craque do Boavista e foi-lhe dada, enquanto jovem, por treinar com uma camisola amarela que fazia lembrar o senegalês. Fary, o nome de guerra de Tiago Arruda, tem 37 anos e ainda joga futsal, no SC Silvalde. Nasceu no Bairro Piscatório, passou pelos escalões de formação de futebol do SC Espinho e rumou ao futsal silvaldense. Padeiro de profissão, Fary ainda tem tempo para se dedicar à modalidade e o seu sonho é levar o clube à 1.ª Divisão Distrital.

Como foi o seu primeiro contacto com o futsal?
Comecei no SC Silvalde, quando era miúdo. Nessa altura jogava com os velhotes e agora sou eu o velhinho da equipa. Estava no futebol do SC Espinho e esses meus amigos velhinhos trouxeram-me para este clube. Andei aqui durante um ano e não fui inscrito, para ver se me adaptava e se gostava, realmente, da modalidade.
Mais tarde, o Cidade Lourosa fez-me uma proposta para ir jogar para lá e decidi acompanhar os tais meus amigos. Estava nas camadas jovens daquele clube e fui chamado aos seniores. Depois fui para a Casa do FC Porto de Lourosa, passei pelo Fiães, pelo S. João de Ver e no Maceda, na época passada. A minha passagem pelo Canedo não me deixa boas recordações. Sou um homem de palavra e eles não se portaram bem. Além disso, essa altura coincidiu com o nascimento da minha filha. Por isso, só estive lá meia época.

Deixou o futebol muito cedo?
Deixei aos 13 anos. Aos 16 anos fui experimentar o futsal. Comecei a trabalhar muito cedo e, por isso, nessa altura já tinha emprego. Na minha família, éramos cinco filhos e se quiséssemos ter alguma coisa tínhamos de trabalhar. Trabalho na Pepim há 22 anos. O patrão, na altura, precisava de um moço e, por isso, aos 15 anos comecei a trabalhar.

O futsal foi uma paixão!
Foi, de facto, uma paixão. É um desporto com muita velocidade, muito ativo e leva a que tenhamos de pensar e executar muito rapidamente. É uma modalidade muito tática e puxa muito pelos jogadores na tomada de decisões. Não se pode esperar que os adversários façam alguma coisa e, por outro lado, é um jogo muito coletivo. Na minha opinião, a formação do futebol deveria passar pelo futsal.
O meu filho foi para os traquinas do Lourosa e convidaram-me para desempenhar o papel de treinador-adjunto no futsal dos traquinas. E talvez isto me leve a continuar ligado ao futsal por mais uns anos.

Como é que surge o nome, Fary?
Não tem nada a ver com Tiago! Antigamente, o Novasemente GD organizava torneios de futsal no antigo pavilhão do SC Espinho. Participavam várias equipas de cafés. As equipas começaram a evoluir e a realizar treinos. Convidaram-me para participar num desses torneios. Fizemos um pequeno treino só para nos conhecermos e eu usava uma camisola amarela. Nessa altura, o senegalês Fary futebol jogava no Beira-Mar. Era miúdo e eles passaram a chamar-me Fary por ter a camisola amarela. Foi uma brincadeira que pegou e ainda hoje sou conhecido pelo Fary. Mas isto acontece muito no futsal. Muitos jogadores têm alcunhas que nada têm que ver com os seus nomes.

Qual foi o seu melhor momento no futsal?
Tenho grandes momentos ao longo da minha carreira. No SC Silvalde tenho momentos inesquecíveis. Saí de Silvalde muito novo e não me esqueço que era a mascote da equipa. No ano passado, no Maceda, tive momentos fantásticos. Não deixei lá amigos, mas sim, irmãos. Sei que poderei contar com eles para o que eu precisar. O mesmo acontece nesta equipa do SC Silvalde, onde estou agora. No Cidade de Lourosa tenho mais amizades, como o Martelinho, o Bruno Rodrigues, Nelsinho e tantos outros.
Não consigo particularizar um bom momento porque são muitos os que tenho tido no futsal. Registo estas grandes amizades que, para mim, é o mais importante. A minha carreira tem-me deixado muito feliz.

Tem momentos de tristeza no futsal?
Apenas nas derrotas, porque ninguém gosta de perder. Houve, também, uma final four da Taça de Aveiro, pelo Cidade de Lourosa, que não conseguimos ganhar. Poderíamos ter feito a dobradinha…

Alguma vez pensou abandonar a modalidade?
Abandonei a modalidade um ano, na altura em que saí do S. João de Ver. Nesse ano, fui dispensado do clube sem saber muito bem porquê! Fiquei triste por ter deixado de estar com os meus colegas e amigos. Senti que foi uma facada que os dirigentes me deram pelas costas, porque não me deram qualquer explicação. Quando, no ano anterior, tinha ajudado a construir a equipa. Se me tivessem dito que não contavam comigo, porque o treinador não queria estava dada a explicação! Mas nem isso fizeram. Fizeram tudo nas minhas costas, convidando jogadores que tinha sido eu a levar para lá na época anterior.
Sou pai de duas crianças e acabei por poder estar mais tempo com elas.

Entrevista completa na edição de 17 de novembro de 2022. Assine o jornal que lhe mostra Espinho por dentro por apenas 32,5€.